Cientistas já descobriram o que fazer para a hidroxicloroquina funcionar também em pacientes graves
Boa parte da confusão midiática é que a imensa parte dos estudos feitos com a hidroxicloroquina, com ou sem a combinação com a azitromicina, ocorreu em pacientes graves, internados, muitos na UTI, contrariando a idéia inicial, de Didier Raoult, da aplicação dos medicamentos no início dos sintomas.
Em pacientes graves, hoje, no dia que escrevo este artigo, 2 de dezembro, existem 98 estudos. Apenas 73,5% deles dão resultados positivos.
Além disso, nestes pacientes já com a doença avançada, internados, o efeito sobre a mortalidade é modesto, de cerca de 20%. Por isso há contradição nesses estudos. Alguns relatam efeitos positivos e outros relatam efeitos negativos.
Como contraste, em pacientes no início dos sintomas, temos 23 estudos. E todos relatam resultados positivos para os pacientes. É unanimidade.
Entretanto, em dois estudos com pacientes graves, os cientistas incluíram novos medicamentos, também genéricos e baratos, que potencializaram o efeito da hidroxicloroquina. Nestes estudos os resultados foram espetaculares. E por coincidência, claro, esses resultados não se tornaram notícias nas mídias mainstream, em Youtubers de ciência ou em sites de notícias de ciência.
O primeiro veio da Espanha, da Universidade de Cordoba, produzido pela equipe liderada pela cientista Marta Castillo. É um ensaio randomizado, mas em vez de ser placebo, metade recebeu hidroxicloroquina e azitromicina, e a outra metade recebeu hidroxicloroquina, azitromicina e calcifediol, que é uma vitamina D de absorção mais rápida pelo corpo.
Os que receberam o cocktail com calcifediol, 2% precisou ir para a UTI. Dos que não receberam o cocktail completo, 50% foi para a UTI. Uma diferença impressionante. Gerou uma redução de 89,5% do número de mortes em pacientes com a doença avançada.
O segundo estudo com resultados bons em pacientes graves veio do Irã. Foi produzido pela equipe liderada por Khalil Ansarin, da Universidade de Tabriz, uma das mais antigas do país. Em 39 pacientes internados, hidroxicloroquina e bromexina, outro medicamento barato e genérico. Em outros 39 pacientes, para comparação, apenas hidroxicloroquina.
Dos 39 que receberam o cocktail completo, apenas um foi intubado e ninguém morreu. Dos 39 que receberam apenas HCQ, nove foram intubados e cinco morreram. Uma descoberta muito animadora da ciência iraniana. Na China repetiram o experimento com resultados semelhantes.
No caso do estudo iraniano, especialistas levantam dúvidas sobre o papel da hidroxicloroquina. A dose foi bastante baixa, de 200mg por dia, a metade da usada no protocolo do Dr Zelenko.
Dois randomizados com significância estatística nos próprios estudos, mas nas editorias de ciência dos grandes jornais, e do Medscape de Topol, um silêncio ensurdecedor permanece.
Em todo país que a hidroxicloroquina é usada em larga escala, morre menos gente, mas o medicamento não funciona
É mais básica das aulas de ciência. Quando você repete o experimento e gera o mesmo resultado você tem a comprovação científica.
Este é um dos mais interessantes estudos já feitos. É pelo mesmo grupo de cientistas que preferem o anonimato por medo de represálias.
É um cruzamento de dados de notícias de países que fazem uso da medicação com a quantidade de mortes. A hidroxicloroquina é política de estado em muitos países, com os respectivos cientistas e autoridades recomendando.
"O grupo de tratamento tem uma taxa de mortalidade 69,9% menor", concluíram os cientistas na última revisão, em 14 de novembro. É uma pesquisa para manter nos favoritos. Sempre é atualizada com os dados novos.
A Newsguard, agência de checagem de fatos dos EUA, também composta por incompetentes, tentou desqualificar o estudo usando a ausência do Brasil como exemplo. Foi prontamente rabatida por mim. No Brasil o uso do medicamento é baixo. Informação inclusive confirmada por uma pesquisa recente, publicada na Folha de S. Paulo, o jornal mais importante do Brasil.
Existem duas conclusões possíveis, sem mais opções: a primeira é que o medicamento funciona. A segunda é que vírus lê placas de sinalização e respeita fronteiras, o que parece ser menos provável.
Uma análise estatística nos EUA: estados onde as leis permitem o povo ter acesso ao medicamento, morrem menos pessoas
Hal M. Switkay, PHD em matemática, fez ciência pura. Inspirado no estudo de uso por países, ele fez um cruzamento de mortes versus as leis de cada estado em relação a hidroxicloroquina. Alguns estados geram dificuldades para que os médicos prescrevam, outros não.
Todas as leis estão com link no site do America's Frontline Doctors.
Switkay fez o cálculo em 16 de agosto. É um retrato dos dados e leis daquele dia. "Cada nível adicional de restrição de HCQ acrescenta cerca de 37%, em média, à mortalidade por coronavírus", afirmou.
A diferença de mortalidade entre os estados verdes, onde a prescrição é mais livre, comparadas com os estados em vermelho, onde é mais difícil, era de 72% naquele dia.
Cruzando leis que deixam o médico prescrever com a mortalidade, quem precisa de um estudo randomizado, duplo cego e publicado em uma grande revista de “impacto” para concluir que funciona? A COVID-19 não é uma doença rara. É uma doença de milhões de pessoas.
Você não encontrará essa análise em nenhuma revista científica. Nem no seu escritor favorito de ciência nem no seu Youtuber favorito que fala de ciência.
Como faz para escrever sobre esses cálculos e terminar o texto dizendo que não há evidências científicas? Não dá. É necessário possuir um criatividade de Julio Verne. É algo raro.
Nos EUA, quanto mais raiva o eleitor tem do Trump, maior a chance dele morrer de COVID-19
É do Marrocos a obra prima dos estudos científicos dessa pandemia. Entre todos, esse é o hors-concours. Acredito ser um dos melhores candidatos ao prêmio IgNobel.
Contudo, ele também é uma prova do funcionamento da hidroxicloroquina.
Acontece que a pandemia ocorre no mundo todo e os dados estão à disposição de cientistas de todos os continentes. Cada um pensa na abordagem que acha melhor. Alguns partiram para estudos inusitados. Foi o caso dos professores Elbazidi e Erraih, de uma universidade também com nome inusitado: Universidade Tofail. Sim, é verdade, o nome é esse mesmo, está aqui o link.
Olhando para os EUA, o mundo todo ficou espantado quando descobriu que um homem, logo após o anúncio de Trump, ao ir atrás de cloroquina, entrou em uma pet shop, comprou um produto de limpar aquário que continha cloroquina na fórmula, tomou e morreu. Isso levou até a FDA a pedir para as pet shops pararem de vender o produto.
Na sequência, a população global ficou admirada de ver Trump sugerir desinfetante para combater o coronavírus e viu mais de 100 pessoas intoxicadas.
Diante disso, o planeta concluiu que metade da população dos EUA, os eleitores do partido Republicano, são estúpidos.
Isso se manteve até Elbazidi e Erraih, essas duas lendas da ciência, cruzarem os dados de popularidade de Trump e mortalidade em cada estado dos EUA.
Os eleitores do Partido Democrata associaram o tratamento com hidroxicloroquina a Trump, não a Didier Raoult.
Resultado? Nos estados onde a popularidade de Trump é mais alta, maior a chance dos pacientes tomarem a medicação e se curarem, e nos estados onde a popularidade de Trump é baixa, menor a possibilidade dos pacientes serem medicados. "A lucidez é cada vez mais um esporte de elite que poucas pessoas praticam", concluíram os professores.
"A aceitação do tratamento à base de HCQ está fortemente ligada à aprovação de Trump", escreveram. "Descoberta surpreendente: existe uma forte correlação entre o grau de aprovação de D. Trump e a taxa de mortalidade. Especificamente: nos EUA, quanto mais você aprova Trump, menos provável que você morra de Covid19".
Ou seja, os marroquinos igualaram os dois lados. Eles provaram cientificamente que os eleitores de Biden chegam ao ponto de morrerem de raiva do homem laranja. Literalmente.
Está empatado. A hidroxicloroquina funciona e você não vai ver esse estudo nos principais meios de comunicação.
Não é ciência, é política, estúpido!
Da série de estudos que você não verá na na grande mídia, esse é um dos mais interessantes. Também é jornalismo investigativo de alta qualidade. Ele prova, definitivamente, que a ciência quando é politizada deixa de ser ciência e passa a ser um lixo científico.
O artigo científico é de Andrew Berry, do Larkin Community Hospital, em Miami, EUA, e mais quatro cientistas. Hoje já existem mais de 150 estudos sobre este medicamento, já é possível levantar estatísticas.
Eles decidiram cruzar os resultados de cada estudo sobre a hidroxicloroquina com as doações dos cientistas a partidos políticos.
A primeira conclusão é que estudos norteamericanos sobre este medicamento têm mais probabilidade de darem resultados negativos. 57,4% nos EUA contra 33,2% no resto do mundo.
A outra descoberta é que se os autores dos estudos doaram para o Partido Democrata, a oposição a Donald Trump, que promovia o medicamento, a probabilidade deles produzirem um estudo negativo para a hidroxicloroquina é aumentada em 20,4%.
Entre os artigos de revisão editorial nos EUA sobre a HCQ, 50% eram negativos, 45,5% neutros e apenas 4,5% positivos.
Entretanto, quando os autores possuem histórico de doação ao Partido Democrata, 85,7% se posicionaram contra a hidroxicloroquina.
Essa é a ciência que se eu questionar, algum idiota tenta me classificar como “negacionista”?
"Infelizmente, o clima político que persiste tornou impossível qualquer discussão objetiva sobre esta droga", disse um editorial do Henry Ford Health Systems, dos EUA, que estava produzindo estudos com resultados positivos para a hidroxicloroquina.
Pouco antes das eleições nos EUA, o New England Journal of Medicine, que ainda não respondeu a Watanabe, Luco, Wiseman, Yang e Birnbaun publicou um editorial. "Morrendo em um vácuo de liderança".
O texto que chama os outros de "charlatões" e pede consequências legais para os responsáveis pela tragédia foi assinado pelos 32 editores da revista. Posiciona-se contra Trump, que promovia o medicamento.
Segundo levantamento, 14 dos 32 editores já fizeram doações políticas para o Partido Democrata, a oposição a Trump. Nenhum fez doações ao Partido Republicano.
A ciência mostra uma grande coincidência: quanto mais dinheiro você recebeu da Gilead, mais fortes são suas opiniões contra a hidroxicloroquina
Boa parte das pessoas já sabe sabe que Didier Raoult é um dos maiores especialistas em doenças infecciosas do planeta.
O que ninguém sabia até o momento é que Raoult também é um excelente jornalista investigativo. Talvez um dos melhores da Europa.
Ele produziu, junto com outro cientista, Y. Russel, um dos maiores furos jornalísticos sobre a pandemia. Mas mesmo assim, isso não se tornou notícia na grande mídia.
Fez em formato de artigo científico e foi publicado em uma revista científica. Os dois verificaram as opiniões públicas dos especialistas do órgão francês CMIT — Conselho de Professores em Doenças Infecciosas e Tropicais, sobre o tratamento da COVID com hidroxicloroquina.
Fizeram um levantamento e descobriram que apenas 13 de 98 membros do CMIT não receberam qualquer benefício, remuneração ou convênio da Gilead Sciences, a fabricante do Remdesivir, nos últimos anos.
Uma surpresa. Quanto mais dinheiro os especialistas ganharam da Gilead, mais desfavoráveis foram suas opiniões sobre a hidroxicloroquina. Os nove especialistas com opiniões "muito desfavoráveis" ganharam uma média de 26.950 euros da Gilead.
No levantamento, apenas oito desses 98 especialistas foram muito favoráveis ao tratamento com a hidroxicloroquina. A média de valor recebido por eles da indústria farmacêutica foi de 52 euros. Alguns desses "muito favoráveis" não receberam nada.
Além de tudo, Didier se diverte escrevendo. Ele citou a famosa frase do economista Milton Friedman: "Não existe almoço grátis".
A minha conclusão é que se tem alguém por aí com opiniões extremamente desfavoráveis sobre hidroxicloroquina sem estar com os bolsos cheios, trata-se de um idiota.
Studies from black people don't matter
Estudos de pretos não importam
A discussão sobre a hidroxicloroquina é interessante. Há toda uma explicação sobre significância estatística, meta-análises, diferenças entre estudos observacionais e estudos "padrão ouro".
No meio deste tempo, surge um outro medicamento, também barato e genérico: a ivermectina. E logo no primeiro estudo foi feito um randomizado. Não é o "padrão ouro" 18 quilates. Mas é ouro. E já tiveram resultados com significância estatística no próprio estudo.
É sobre a ivermectina. Feito por Waheed Shouman, da Universidade de Zagazig, no Egito. Estava sendo estudada a profilaxia pós exposição.
A partir do momento em que as pessoas eram identificadas com COVID positivo, eles poderiam transmitir para suas famílias, em suas casas. Para os integrantes dessas famílias deram o medicamento. No outro braço, não houve intervenção. A redução de casos nas pessoas que tomaram ivermectina foi de 91%. Um número impressionante.
O segundo estudo também foi um RCT. Foram 183 no grupo tratamento e 180 pacientes controle. Feito por Reaz Mahmud, da faculdade Dhaka, em Bangladesh. Houve uma redução de 85% nas mortes. A progressão da doença caiu 55%. Era uma terapia dupla, com ivermectina e doxiciclina.
O terceiro estudo veio do Iraque. Liderado pelo cientista Hashim A. Hashim, do Alkarkh Hospital, em Bagdá. Também foi randomizado e controlado. Neste caso também com doxiciclina. Foram 70 pacientes em cada grupo. As mortes reduziram 66% em pacientes que iniciaram o tratamento quando a situação já era crítica. Para os que iniciaram um pouco antes, 90% de redução nas mortes.
Um quarto estudo veio do Irã, realizado pela equipe do cientista Morteza Shakhsi Niaee. "Padrão ouro" completo. Ensaio randomizado, duplo-cego e controlado por placebo de ivermectina em pacientes hospitalizados. Mortalidade de 18,3% no grupo placebo e 3,3% no grupo tratamento.
Um sucesso absoluto. Um monte de "padrão ouro", gerando comprovações científicas do mais alto nível de evidência. Era para estar na capa de todos os jornais do mundo. Mas caíram todos na espiral do silêncio. Você não verá notícias sobre nem nos sites de ciência.
Pelo histórico que aprendi desde março, eu sei o que pode acontecer se as informações sobre ivermectina começarem a viralizar nas redes sociais dos EUA e Europa: vão fazer algum estudo dizendo que é "mais padrão ouro" que os outros, darão uma dose para cavalo e apenas na hora da extrema unção.
E isso vai sair publicado em alguma "revista de impacto", além virar notícias em todos os jornais: "não funciona", será a manchete.
E os que questionarem serão taxados de "negacionistas da ciência".
Com hidroxicloroquina provavelmente não precisamos da vacina para erradicar a COVID-19
A profilaxia com hidroxicloroquina apresenta números excelentes. Em estudo feito na Índia, Mahesh Kumar Goenka e sua equipe do Apollo Gleneagles Hospitals, uma conceituado centro médico da Ásia, mostrou que a possibilidade do uso massivo do medicamento pode reduzir a velocidade da pandemia, além de evitar mortes.
Entre os 885 profissionais da saúde que não receberam hidroxicloroquina, 12,29% foram contaminados. Entre os que receberam a dose definida como certa, 400mg por semana, por pelo menos seis semanas, apenas 1.30% foi infectado. O potencial da redução de transmissão do vírus é imenso.
Outro, também da Índia, também com profissionais da saúde, chegou aos mesmos resultados. É de Sheila Samanta Mathai e outros cientistas do hospital da Marinha da Índia. Encontraram 88.5% de redução de casos sintomáticos usando o medicamento em profilaxia pré-exposição. O estudo retrospectivo envolvia 604 pessoas.
Entre os estudos positivos, há um que foi "esquecido" pela comunidade científica. Saiu publicado em revista de "fator de impacto", de grife, revisado por pares, com tudo que há de direito, mas que caiu no esquecimento. Também fala sobre a profilaxia.
Foi feito na China e saiu na Lancet. É do professor Jixin Zhong e sua equipe. A pesquisa ocorreu na província de Hubei, em pacientes com doença reumática. Esses pacientes tomam este medicamento no dia-a-dia. Constataram uma redução de 91% de casos.
Com tantos resultados positivos de profilaxia e de tratamento, o Professor Christian Perrone, da França, concluiu, em um entrevista para Jean-Pierre Kiekens, que com tratamento adequado "você pode parar, facilmente, uma pandemia".
Wikileaks revela: Anthony Fauci se emocionou ao ouvir discurso de Hillary Clinton
Em 2012, quatro anos antes da eleição de Donald Trump, que promoveu por algum tempo a hidroxicloroquina, Anthony Fauci afirmou que se emocionou ao ouvir um discurso de Hillary Clinton, uma das figuras proeminentes do Partido Democrata, oposição a Trump.
"Muito raramente um discurso me leva às lágrimas, mas este o fez", afirmou Fauci em um e-mail que vazou. "Por favor, diga à secretária que eu a amo mais do que nunca", complementou.
O discurso era sobre “Saude Global”. Deve ter sido muito bom. Eu costumava imaginar que nada poderia superar Toy Story 3.
Uma pergunta de 21 bilhões ou de quase 1 trilhão de dólares
Além dos estudos "padrão ouro" interrompidos que mostrei no início do artigo, havia um que reproduzia exatamente o protocolo de Didier Raoult, de hidroxicloroquina e azitromicina em tratamento precoce.
Foi anunciado no meio de maio. Dois meses depois que Raoult havia divulgado seu protocolo e seus resultados, como se ninguém tivesse pressa. "Antes tarde do que nunca. Anthony Fauci recupera a consciência", provocou Raoult na data do anúncio.
Este ensaio clínico não foi cancelado quando a fraude da Lancet estava em vigor, como os outros, mas algumas semanas depois. Era do NIAID — National Institutes of Health, órgão governamental dos EUA.
O Dr Anthony Fauci é diretor dessa instituição.
A alegação para o cancelamento? Poucos inscritos. O planejamento inicial esperava ter 2000 pacientes. Apenas 20 se voluntariaram. Um contraste grande com os voluntários para as vacinas que chegam a ter dezenas de milhares de inscritos.
Com 2000 pacientes, não sendo um estudo subdimensionado, e com o efeito mais forte sobre a doença quando é dupla terapia, não haveria dúvida sobre os resultados. Seria estatisticamente significativo.
A pergunta mais inquietante desta pandemia é: por que ninguém fez um estudo "padrão ouro" com hidroxicloroquina e azitromicina em tratamento precoce e em pacientes de risco?
Sim, isso mesmo. Em nenhum lugar do mundo alguém fez um estudo "padrão ouro", nos pacientes de risco, ou seja, acima de 60 anos, com o protocolo de Raoult, onde ele consegue 0.6% de mortalidade.
Talvez quem nos dê a resposta para esta pergunta seja James Todaro, médico norteamericano. Ele escreveu um artigo com o seguinte título: "Gilead: Vinte e um bilhões de razões para desacreditar a hidroxicloroquina".
Todaro também escreveu sobre os ganhos e perdas nas bolsas de valores e contou algumas coincidências: na França, a hidroxicloroquina era vendida nas farmácias, sem receita médica, por anos. No começo de 2020, ela tornou-se "venenosa" pela classificação governamental, criando uma barreira para sua compra.
"Por que a hidroxicloroquina — uma droga usada com segurança por mais de meio século — foi agressivamente rotulada como perigosa, enquanto um medicamento que se mostrou ineficaz para a hepatite C com um perfil de segurança desconhecido foi aprovado?", pergunta Todaro, depois de avaliar subidas e descidas das ações da Gilead em cada momento da pandemia.
"Talvez nenhuma outra empresa tenha mais a ganhar no futuro imediato com o fracasso da hidroxicloroquina do que a Gilead", afirmou. James também demonstrou como a empresa financia a OMS, inclusive, contribuindo com o dobro do valor do que países como a Espanha e doze vezes mais que o Brasil.
Além disso tudo, explicou o poder de lobby das indústrias farmacêuticas em relação ao governo dos EUA. Este ramo de negócios gasta com lobby oficial mais que o dobro que a indústria do petróleo, que é uma das maiores motivadoras de conflitos bélicos com países produtores para implantação de democracias nesses países.
Outra pessoa que fornece pistas sobre a interrupção dos estudos é a Dra Lee Merritt. Ela fez algumas considerações interessantes sobre a história da medicina em seu artigo.
Merritt começa falando de um dogma existente: "Desde que comecei a faculdade de medicina em 1976, até 2020, ouvi o dogma de que doenças virais não são tratáveis (com algumas exceções, como antivirais para HIV / AIDS)".
Ela comenta sobre o banimento da hidroxicloroquina em muitos estados dos EUA e fez uma comparação. "Que eu saiba, nem os governadores nem os conselhos de farmácia jamais baniram qualquer droga legal — nem mesmo opioides como o Oxycontin, que causam cerca de 30.000 mortes por ano".
A médica fez uma pergunta que coincide com o pensamento do professor Perrone. "A crescente indústria de vacinas de quase um trilhão de dólares foi construída à custa da vida dos pacientes?".
"Na era dos enormes lucros com vacinas, ela se tornou a primeira escolha para todas as doenças", observou.
Noticia recente na Reuters informa que a Pfizer está fazendo um pedido de autorização de uso de emergência para as autoridades dos EUA. A notícia sugere que outra vacina, da Moderna, também fará em breve.
Já o site da FDA, governamental, nos informa a lei. As autorizações de emergência acontecem quando não há alternativas.
O único argumento que resta para quem deseja continuar afirmando que não há evidências científicas do funcionamento da hidroxicloroquina
Neste artigo, eu já mostrei que temos casos anedóticos, estudos observacionais, estudos randomizados, duplo cego, controlados por placebo não corrigidos, meta-análises, estudos estatísticos por países, por ideologia, por estados dos EUA. Todos mostrando resultados positivos para a hidroxicloroquina.
Não há mais argumentos racionais para dizer que não funciona. Nem existem mais modos de comprovar.
Entretanto, como eu disse no início do texto, há sim, um argumento para quem deseja continuar dizendo que não há "evidências científicas": é dizer que não foi publicado nenhum estudo RCT positivo nas revistas médicas de prestígio.
Na verdade, essas revistas tem publicado exatamente o contrário. Agora, no início de novembro, a JAMA, um dos mais conceituados jornais de medicina, publicou um editorial. "Uso indevido de hidroxicloroquina para COVID-19".
Logo depois do fim do texto, uma informação importante sobre o autor: "Dr. Saag relatou subsídios pagos à sua instituição pela ViiV Healthcare e Gilead Sciences". Ao ler isso, eu ri. E afirmo que os argumentos do Dr Saag não foram capazes de mudar minha opção de tomar esses medicamentos caso contraia o vírus.
E não é só a Jama, A New England Jornal of Medicine tem postado conteúdo semelhante. A Lancet também.
Mas ao mesmo tempo, os editores das revistas já me disseram para não confiar nas revistas científicas de grife.
Em artigo de 2005, Richard Smith, cientista que foi editor da BMJ por 25 anos, explicou que “as revistas médicas são uma extensão do braço de marketing das empresas farmacêuticas”.
Richard comentava uma frase de Richard Horton, editor chefe da Lancet, que em março de 2004, disse: “Os periódicos evoluíram para operações de lavagem de informações para a indústria farmacêutica”.
Ele também comentou sobre Marcia Angell, ex-editora do New England Journal of Medicine, que criticou a indústria farmacêutica por se tornar “basicamente uma máquina de marketing” e cooptar “todas as instituições que pudessem se interpor em seu caminho”.
Smith deu ainda mais exemplos. Falou de Jerry Kassirer, outro ex-editor do New England Journal of Medicine, que argumentou que a indústria "desviou a bússola moral de muitos médicos".
Mas a questão é: a verdade científica é a publicada numa revista "de impacto" ou verdade científica é simplesmente, verdade científica?
Esse texto é longo porque eu precisava desmontar todos os argumentos, um por um, dos que falam que não há evidências.
Entretanto, a verdade científica é realmente simples. Um exemplo é a lousa de Brian Procter. Ele é um médico nos EUA. Ele está tratando todo mundo que bate em sua porta com hidroxicloroquina, azitromicina e mais alguns medicamentos em seu protocolo, como vitaminas.
A lousa fica em seu consultório. Sempre que há atualização, ele posta uma nova foto em seu Twitter.
Em 14 de novembro são 754 pacientes tratados, 11 hospitalizados e apenas um morto. Isso mesmo. Apenas um morto. A simples lousa de Procter é, e sempre foi, a confirmação científica do funcionamento a hidroxicloroquina. Simples assim. E lembro que não existe revisão por pares capaz de fazer morto virar vivo ou vivo virar morto.
Assim eu tenho uma questão: em quem eu devo confiar para fazer minha escolha? Nos jornais médicos “de impacto” ou na lousa do Dr Brian Procter?
Algo me diz que eu devo acreditar na lousa de Procter em detrimento da Lancet, que posta dados da atriz pornô.
E as confirmações são simples mesmo. Em São Paulo, a Prevent Senior, um plano de saúde gigantesco, com 25% da população idosa da região como cliente, anunciou, logo no fim de março, que trataria todos os pacientes com o protocolo de Marselha.
Agora, em setembro, um dos médicos do plano de saúde deu uma entrevista para um canal quase desconhecido no Youtube. Ele informou que a partir do momento em que implantaram o protocolo, no começo de abril, reduziram de 350 pacientes simultâneos hospitalizados pelo COVID para apenas 60. Além disso, recentemente, o CEO da empresa disse que morreu menos gente este ano que em 2019, quando não havia pandemia, mesmo com o Brasil caminhando para 200 mil mortos.
Em quem devo confiar? Na entrevista do médico em um canal sem importância no Youtube ou na New England Journal of Medicine que também publicou um artigo com dados da atriz pornô?
Eu posso ficar horas e horas catalogando resultados práticos da confirmação científica, como a cidade de Porto Feliz, no estado de São Paulo, Brasil, que comparada com a minha, tem quase 80% menos mortos, com mais ou menos a mesma quantidade de infectados.
O prefeito de Porto Feliz, Dr Cássio, é um entusiasta do tratamento precoce. Ele implantou o tratamento na cidade toda. Na televisão e nos principais meios de comunicação ele foi acusado de ser um charlatão. Há pouco tempo tivemos eleições para prefeito. Chamaram o povo para opinar. Ele foi reeleito com 92,10% dos votos.
O economista Vladimir Vale gerou diversos gráficos em cima de dados oficiais.
Neste gráfico, todas as cidades com população entre 40 e 60 mil habitantes do estado de São Paulo. Todas possuem estrutura de saúde pública semelhantes. Na esquerda, a taxa de letalidade entre os confirmados por PCR positivo. Em amarelo, as cidades da mesma região. Em vermelho, Porto Feliz.
Ou posso falar da comprovação científica de Sertãozinho-SP, que viu sua UTI esvaziar depois que começou a aplicar os medicamentos. Ou da cidade de Janaúba, no interior de Minas Gerais, onde o prefeito disse que "conseguiu controlar o avanço da doença e interromper os óbitos", a possibilidade explicada pelo professor Perrone, da França.
Ou em Marselha, onde Didier Raoult mostrou um gráfico explicando que morreram menos idosos este ano que ano passado.
Bem, se a pessoa quiser se agarrar nas "revistas de impacto", como se as verdade científica só existisse se estiver publicada nelas, por mim, tudo bem.
Entretanto, isso é ser negacionista da ciência.
Neste momento ocorre o maior apagão jornalístico da história da humanidade
É muito mais fácil de entender do que qualquer um imagina. Todo jornal possui sua editoria de ciência. Os jornalistas dessa editoria são, na imensa maioria das vezes, jornalistas nerds, aficcionados por filmes como Star Wars e com pouca noção da realidade. Muito são cientistas frustrados que acreditam terem achado um local onde, finalmente, são valorizados.
Eles não escrevem sobre ciência. Eles são, na verdade, deslumbrados com a ciência. Os chefes de redação sempre os consideraram escritores de entretenimento. Seus textos normalmente são publicados nos dias que os jornais possuem poucos anúncios. Boa parte desses profissionais ainda não entendeu isso.
Hobbie favorito? Andar pela redação fazendo piada sobre outra seção que o editor chefe sempre considerou entretenimento: o horóscopo. "O jornal publica pseudociência", dizem, como pose de vitoriosos, como se alguém, além de adolescentes apaixonados, levasse a influência dos astros a sério.
Outra editoria da qual eles passam longe e tratam com desdém é a de esportes. "Que ridículo vinte dois homens correndo atrás de uma bola", dizem sorrindo. É assim mesmo. Eu conheço essa gente. Já trabalhei na redação de um grande jornal.
"Gás é encontrado na atmosfera de Vênus e planeta pode ter vida", diz a manchete da notícia da editoria de ciência. "Peixe brilhante com asas é encontrado a 4 mil metros de profundidade no oceano atlântico", diz outra.
Wall Street subiu ou desceu quando encontraram gás em Vênus? Quantos contratos bilionários com diversos países foram feitos por causa dessa novidade? Se algum outro cientista disser que não era gás, mas poeira, todos os contratos são ameaçados? Não. Não faz diferença relevante o gás de Vênus.
Assim como não faz diferença nenhuma se o peixe brilhante tem ou não tem asas. Ninguém se importa se alguém disser que asa do peixe foi revisada por pares. Assim como ninguém é ameaçado de morte por dizer que o peixe não possui asas, atrapalhando o mercado bilionário de peixes brilhantes.
De tempos em tempos, alguns assuntos são retirados da editoria de ciência e passam para a responsabilidade de jornalistas de verdade. É o caso do desmatamento da Amazônia no Brasil. Se estivesse sob a responsabilidade dos divulgadores científicos, eles estariam discutindo os megapixels das câmeras dos satélites e trajetórias de órbitas, maravilhados com vídeos dos lançamentos de foguetes.
Sob responsabilidade de jornalistas investigativos, essas coisas espaciais não importam. O que importa são os que ganham com o desmatamento: os garimpeiros, o agronegócio colocando fogo na floresta, além do governo fazendo vista grossa. Os índios sendo massacrados também importam.
Com conversas sobre "células", "tempestade de citocinas", testes "in vitro", "revisão por pares" e "publicação de impacto", conhecimentos básicos e quase desnecessários para produzir reportagens sobre este assunto, esse povo conseguiu convencer os editores que eles deveriam produzir notícias de uma indústria de um trilhão de dólares. Assim, pouquíssimos jornalistas investigativos estão cobrindo o assunto.
Com medo de serem chamados de astrólogos e negacionistas, esses divulgadores científicos não sabem questionar. Só reproduzem press releases e conteúdos de consensos fabricados.
A contra-prova do que digo é a ausência da cobertura sobre probabilidade maior de um especialista ser contra a hidroxicloroquina se ele recebeu valores e presentes da Gilead. É uma bomba. Procure essa manchete nos importantes jornais, você não vai achar. E nenhum jornalista sério do mundo é capaz de dizer que isso não é assunto de interesse público.
Entretanto, essa falha da imprensa tradicional em cobrir corretamente a hidroxicloroquina vai custar caro para a humanidade. Neste momento, entre as mídias que podem ser consideradas "médias", com penetração em seus países, apenas a France Soir da França e a Sky News da Austrália têm produzido reportagens investigativas sobre os fortes poderes que influenciam a ciência. Vez ou outra apenas, a Fox News, dos EUA, entrevista alguém que contesta o "consenso".
O restante produz uma deficiência investigativa absoluta. E isso tem ocorrido em um momento crucial, de vida ou morte, da imprensa tradicional. O assustador e excelente documentário "O dilema das redes", disponível na Netflix, mostra que os algoritmos das redes têm criado verdades personalizadas.
Neste contexto, a falta de uma cobertura honesta sobre o assunto no "porto seguro" dos grandes jornais nos levará a uma nova onda de extrema direita populista, tradicionalmente anti-ciência e anti-verdade, em todo o ocidente.
Os negadores da realidade se sentirão empoderados. Tudo devido a uma eminente queda da credibilidade da "ciência", politizada e monetizada, junto com uma imprensa em sono profundo que desaprendeu a questionar.
Ao mesmo tempo, a esquerda ocidental simplesmente reage às falas demagógicas de Trump e Bolsonaro como os cães de Pavlov, sem crítica e sem perceber que virou um instrumento de defesa da "escuridão". Os dois líderes caolhos, mesmo sem terem tomado nenhuma atitude real em favor do tratamento, mas produzindo cenas espalhafatosas baratas, pela imagem de seus seguidores fanáticos, serão alçados ao posto de visionários.
Didier Raoult em uma de suas recentes entrevistas ensinou o caminho para a imprensa. Ele pediu que algum jornalista investigativo, não um jornalista de ciência, questionasse as pessoas que decidiram parar os estudos "padrão ouro" na França: "Eu adoraria que jornalistas investigativos questionassem as pessoas responsáveis por esses testes e lhes perguntassem: por que você os interrompeu, qual é o fundamento científico quando os resultados preliminares eram a favor da hidroxicloroquina?".
"Afligida por estudos com amostras pequenas, efeitos minúsculos, análises exploratórias inválidas e conflitos de interesse flagrantes, juntamente com uma obsessão por seguir tendências da moda de importância duvidosa, a ciência deu uma guinada para a escuridão", disse Richard Horton, editor da Lancet, em 2015.
Vou repetir: "uma guinada para a escuridão". Não fui eu que disse isso. É o editor da Lancet. E é exatamente esta escuridão que está sendo defendida pela mídia com empenho, com medo de dar voz para quem discorda e ser classificada de "anti-ciência".
Porque a hidroxicloroquina vai ganhar a batalha de narrativas
Em 29 de outubro de 2018, um Boeing 737 Max da Lion Air, uma companhia aérea da Indonesia, caiu no mar de Java. Ele havia decolado há pouco tempo e estava em uma subida estabilizada, a quase 6000 pés de altura. Mesmo em velocidade normal, o nariz do avião baixou abruptamente. O 737 mergulhou no mar. Foi um acidente incomum na aviação. Entre passageiros e tripulantes, morreram 189 pessoas.
O Max era o mais novo modelo da gigante norteamericana Boeing. Estava em operação há pouco mais de um ano. A linha 737 teve início no meio da década de 60 e se consolidou como um dos maiores sucessos comerciais da história da aviação.
Desde o início da era do jato, no fim da década de 50, visualmente e de aerodinâmica, os aviões não mudaram quase nada. Além disso, a velocidade se manteve a mesma (exceto no projeto excepcional do Concorde, já fora de uso) com os aviões, até hoje, cruzando os céus a aproximadamente 80% da velocidade do som.
A evolução na aviação seguiu outro caminho: na tecnologia embarcada dos painéis, facilitando operação dos pilotos, nas técnicas de navegação como o GPS, nos materiais compostos usados na fabricação, deixando os aviões mais leves, e nos motores, cada vez mais econômicos e potentes.
Assim o 737 foi sendo modernizado. Ele começou com o modelo 737-200. Depois o mais popular foi o 737-300. Na sequência, seguiu para o 737-NG, até chegar na versão mais atualizada, o atual 737-MAX.
Entretanto, os motores, que ficam abaixo das asas, no início dessa era, tinham um formato de charuto. Eles foram ficando cada vez mais largos.
Isso forçou uma adaptação nos projetos. Na década de 60, quando foi 737 inicialmente pensado, ninguém imaginava que os motores ficariam maiores. E neste avião as asas não são altas.
De evolução em evolução, os motores foram se aproximando cada vez mais perto do chão. Na versão MAX, os motores já não cabiam abaixo da asa.
Em vez de a Boeing investir em um novo projeto, abandonando a sequência 737 e criando um avião novo e mais alto, a empresa tomou a decisão de continuar modernizado o mesmo modelo. Uma solução mais rápida, econômica e lucrativa.
No MAX, os engenheiros instalaram os motores mais para frente e para cima, os deixando quase do mesmo nível das asas. Também aumentaram a altura do trem de pouso.
Depois de todos os cálculos feitos, a Boeing viu que o motor mais acima gerava turbulência na cauda da aeronave. Isso poderia levar, em algumas circunstâncias de voo, o nariz da aeronave exageradamente para cima.
Para compensar isso, um novo sistema precisou ser inventado, o MCAS (Sistema de Aumento de Características de Manobra). O sistema foi projetado para identificar os momentos em que o nariz poderia levantar exageradamente e agir profilaticamente, de modo automático, empurrando os comando para frente. Tudo sem esperar ações dos pilotos, tomando deles os comandos do avião.
Mas turbulências, assim como epidemias, são difíceis de prever por modelos matemáticos. Durante os voos de testes, a ação do MCAS precisou ser aumentada. O nariz do avião levantava mais do que o previsto. A compensação precisou ser maior e mais bruta.
No voo da Lion Air, o sistema de profilaxia entrou na hora errada e apontou o nariz do avião para o solo. Foi um acidente estranho. Suspeitas foram levantadas, mas criou-se uma narrativa que os pilotos eram ruins e que era necessário esperar por um demorado relatório final para tomar decisões conclusivas sobre as causas do acidente.
Em 10 de março de 2019, pouco mais de quatro meses depois do primeiro acidente, um segundo Boeing 737 Max mergulhou em direção ao solo. Todas as 157 pessoas a bordo morreram. O avião era operado pela Ethiopian Airlines. Havia decolado há seis minutos de Adis Abeba. O acidente era semelhante ao do mar de Java. Novamente tentou-se levantar suspeitas sobre a habilidade dos pilotos. Novamente disseram que esperar o relatório final seria necessário para qualquer decisão.
Entretanto, mesmo pilotos ruins não erram deste modo em voos estabilizados, empurrando o manche para frente e apontando o avião para o chão. Era imensa a probabilidade ser alguma falha de projeto.
Qualquer piloto sabia que a probabilidade de ser uma coincidência era minúscula. Assim como é minúscula a probabilidade de que todos lugares que aplicam o protocolo de Didier Raoult, com consequente baixo percentual de mortos, serem coincidências.
Repórteres investigativos foram ouvir pilotos. Nenhum deles foi acusado de ser "charlatão" ao relatarem que não havia como as duas quedas estranhas e semelhantes serem simples coincidências.
No mesmo dia do segundo acidente, a Ethiopian Airlines parou todos seus 737 Max. No dia seguinte, todas as companhias chinesas pararam seus aviões deste modelo. Na sequência, o mundo inteiro foi interrompendo as operações do Max. Todos concluíram o óbvio: não era coincidência.
A FAA, agência norteamericana, foi a última. Apenas admitiu que não podia ser uma coincidência três dias depois. As manchetes e o jornalismo investigativo de uma imprensa que não come na mão da indústria aeronáutica foram essenciais.
Interesses comerciais, ao que parece, influenciam. “Esta é uma tragédia que nunca deveria ter acontecido”, disse o presidente do Comitê de Transporte da Câmara, Peter DeFazio. “Vamos tomar medidas em nossa legislação para garantir que isso nunca aconteça novamente enquanto reformamos o sistema”.
“Este avião foi projetado por palhaços que, por sua vez, são supervisionados por macacos”, disse um funcionário da Boeing. Revelação feita por jornalismo investigativo sério, provando que as decisões governamentais não são imunes a interesses das grandes corporações, mesmo quando vidas são postas em risco.
"Esta indústria usa sua riqueza e poder para cooptar todas as instituições que possam se interpor em seu caminho", disse Marcia Angell, ex editora chefe da New England Journal of Medicine, sobre outro ramo de negócios e outras instituições.
No caso da hidroxicloroquina, hoje são milhares de médicos e cientistas mostrando, em todos os lugares, as provas científicas irrefutáveis do funcionamento. Dizendo que é impossível tanta coincidência.
Entretanto, sem a ajuda de uma imprensa investigativa, é trabalho de formiguinha.
Enquanto isso, cada dia que passa, no mundo todo, o equivalente a 20 acidentes de aviões por dia, que poderiam ser evitados, continuam acontecendo.
A grande imprensa ensaia, de modo tímido, contar a verdade. Mas eles ainda não sabem ligar os pontos.
"Remdesivir pode não curar o coronavírus, mas está a caminho de faturar bilhões para Gilead", diz a manchete do Washington Post, um dos mais importantes jornais dos EUA. "Opções limitadas ajudaram o remdesivir a ser lançado comercialmente em tempo recorde". Nenhum comentário sobre os fortes efeitos colaterais foi colocado.
A Reuters resolveu misturar uma notícia importante e uma irrelevante em um único título, muito cuidadoso: "Talvez muito cedo para descartar a hidroxicloroquina; enganando o sistema imunológico". Eles falavam da meta análise do professor Harvey Risch. A estatística incontestável, para eles, virou uma "sugestão".
"A ‘aparência muito, muito ruim’ do remdesivir, o primeiro medicamento COVID-19 aprovado pelo FDA", diz a manchete da Science Magazine. Eles contam histórias de dados ruins ignorados, aprovações estranhas, burocracias e negociações lucrativas.
"’Em vez de Coronavírus, a fome vai nos matar.’ Uma crise alimentar global se aproxima", diz outra manchete do New York Times. "O mundo nunca enfrentou uma emergência de fome como esta, dizem os especialistas. Pode dobrar o número de pessoas que enfrentam fome aguda para 265 milhões até o final deste ano", explica o jornal.
"Os protocolos de vacinas da Covid-19 revelam que os ensaios foram elaborados para ter sucesso", diz a manchete da Forbes. Talvez um dia o jornalista também descubra o óbvio: que é possível elaborar ensaios com o objetivo de dar errado, principalmente em produtos pouco lucrativos, como os medicamentos sem patentes.
A BMJ, um dos mais importantes jornais de medicina publicou um editorial. Eles, ao que parece, já estão dispostos a explicar que há corrupção e politização da ciência. "Covid-19: politização, “corrupção” e supressão da ciência" diz a manchete.
Eu acredito que se colocarem os jornalistas que escreveram esses seis artigos juntos, confinados, em quarentena, é provável que depois de uns três anos, em algum momento intensa genialidade, eles consigam ligar os pontos.
Em 2005, Richard Smith parece ter visto o futuro
No mesmo artigo que Richard Smith explica o pântano dos conflitos de interesses de diversos tipos nos jornais médicos, ele fez uma lista assustadora e deu "exemplos de métodos para empresas farmacêuticas obterem os resultados desejados de estudos clínicos".
Ele explicou o que parecem ser truques sujos e constantes que a indústria faz para lidar com medicamentos concorrentes ao produzir estudos "padrão ouro", mais valorizados: usar doses mais altas, mais baixas ou produzir estudos que sejam pequenos demais, sem significância estatística.
"Teste seus medicamentos com uma dose muito baixa de um medicamento concorrente", explicou. "Faça um teste do seu medicamento com uma dose muito alta de um medicamento concorrente", e "conduza ensaios que sejam pequenos demais para mostrar diferenças".
É uma assustadora receita de como matar concorrentes sem poder de barganha, como os medicamentos baratos, genéricos, sem patentes e fabricados em qualquer laboratório.
A continuação da frase do início deste artigo
"Ele era capaz de ser tão gentil com as crianças, de fazer com que elas se apaixonassem por ele, de lhes trazer doces, de pensar em pequenos detalhes de suas vidas diárias e de fazer coisas que realmente admiramos… E então, ao lado… a fumaça dos crematórios e essas crianças, amanhã ou em meia hora, iriam ser mandadas para lá. Bem, aí estava a anomalia".
Quem fez esse relato foi um ex-prisioneiro médico judeu. Ele falava sobre a atuação Josef Mengele, "o anjo da morte".
Mengele foi um oficial alemão da Schutzstaffel (SS). Ele foi médico em Auschwitz, no maior campo de concentração nazista da Segunda Guerra Mundial. Lá ele tinha duas funções. A primeira era receber os trens com prisioneiros judeus e selecionar quem iria viver ou morrer.
Entre os prisioneiros estavam ciganos, judeus, inimigos políticos, socialistas e homossexuais.
Os que eram considerados aptos a trabalhar eram admitidos no campo. Os que eram julgados inaptos para o trabalho, cerca de três quartos, eram diretamente enviados para a câmara de gás.
Quase todas as crianças, mulheres com filhos pequenos e mulheres grávidas tinham as câmaras de gás como destino. Entre os idosos, não havia nenhuma exceção. Todos eram enviados para a morte.
Em contraste com a maioria dos médicos, que consideravam as seleções como um de seus deveres mais estressantes e horríveis, Mengele assumia a tarefa com um ar extravagante, muitas vezes sorrindo ou assobiando uma melodia.
A segunda função do "anjo da morte" era selecionar pessoas para seus experimentos científicos. Ele tinha uma predileção por irmãos gêmeos. Os experimentos realizados por ele incluíam a amputações desnecessárias de membros, infecção intencional com doenças e transfusão de sangue de um gêmeo no outro.
Se um gêmeo morria de doença no meio do experimento, Mengele matava o outro para que pudessem ser preparados resultados científicos com grupo controle pós morte.
Mas seus experimentos não pararam por aí. Mengele tentava mudar cor dos olhos injetando produtos químicos. Em outra ocasião, a testemunha Vera Alexander descreveu como ele costurou dois gêmeos ciganos pelas costas em uma tentativa de criar gêmeos xifópagos. As crianças morreram de gangrena após alguns dias de sofrimento.
Depois da guerra, Mengele não foi julgado pelos seus crimes. Ele escapou de Nuremberg, onde parte dos criminosos nazistas foram julgados e executados.
Alguns dos enforcados, como Julius Streicher, nunca tocaram suas mãos em qualquer prisioneiro. Julius era jornalista e fazia parte de uma rede de conspiração contra os judeus, manipulando a opinião pública com suas publicações. Ele ajudou a criar o clima onde todos esses crimes foram possíveis.
Ajudado por uma rede de ex-integrantes da SS, Mengele conseguiu fugir para a América Latina. Depois de passagens pela Argentina e Paraguai, veio para o Brasil e viveu em minha região.
Relatos não confirmados dizem que ele veio em minha cidade diversas vezes. Mengele visitava o ex-colega Franz Wagner, chefe de Sobibor, outro campo de extermínio.
Wagner era conhecido como "a besta" e morou em Atibaia por muitos anos. E mesmo identificado, viveu no Brasil impune, protegido pela ditadura militar que matava e torturava, ocorrida entre 1964 e 1985. Ditadura, aliás, de viés fascista, que conspirou contra a democracia e aplicou um golpe de estado. Um tempo sombrio celebrado por Bolsonaro, o presidente de extrema direita do Brasil.
Olhando para os tempos atuais, hoje, 2 de dezembro, temos 1,496,670 mortos pelo coronavírus. Segundo a meta-análise mais completa, 715,531 dessas vidas poderiam ter sido poupadas com aconselhamentos corretos sobre tratamentos com a hidroxicloroquina, medicamento largamente disponível no mundo todo.
Muitas mortes mais virão, pela própria doença e pela fome que é prevista acontecer, devido à queda brutal na economia mundial.
Além disso, os índices de suicídio se tornaram uma preocupação alarmante. É uma preocupação que inclusive atinge crianças. E entre os jovens, segundo um estudo da CDC, 25% das pessoas entre 18 e 24 anos pensou seriamente em se matar.
E mesmo entre os que são infectados e se curam, 40% fica com sequelas. Um em cada cinco fica com doenças mentais. Tudo poderia ser minimizado com um tratamento adequado.
Este é o retrato da crise global: sofrimento, mortes e a negação de um tratamento efetivo e comprovado. Tudo já naturalizado em nosso dia-a-dia. Neste contexto é possível fazer algumas conclusões.
Cientistas e autoridades informaram apenas ser possível fazer a recomendação da hidroxicloroquina com um estudo "padrão ouro" positivo.
Se falaram isso por serem desqualificados e não terem conhecimento dos estudos de Anglemyer, Benson e Frieden, sem problemas. Tudo bem. Mas se fizeram isso por interesses comerciais ou políticos, eu concluo: essas pessoas possuem o espírito de Mengele vivo dentro delas.
Os editores da NEJM não corrigiram os resultados da primeira pesquisa randomizada do medicamento, nem responderam a Watanabe, Luco, Wiseman, Yang e Birnbaum. Se não viram essas correções ou não tiveram tempo, sem problemas. Tudo bem. Mas se fizeram isso por interesses comerciais ou políticos, eu concluo: essas pessoas mantém o espírito de Julius Streicher vivo e atuante.
Jornalistas científicos fizeram vídeos e textos falando que as pessoas ficariam cegas se tomassem hidroxicloroquina, e muita gente deixou de tomar o medicamento por causa disso. Se fizeram isso por serem amadores, ignorantes e não terem estudado, sem problemas. Tudo bem. Mas se fizeram isso para gerar medo intencionalmente por qualquer interesse, essas pessoas possuem a cultura científica de Mengele.
Cientistas fizeram estudos em pacientes graves com doses altíssimas de hidroxicloroquina, jamais usadas em nenhuma doença. Se fizeram por não terem lido, por desatenção, o estudo da Fiocruz, que já explicava que doses altas eram prejudiciais, e se também, por desatenção, não viram as correspondências da Índia alertando que as doses eram exageradas, quatro vezes maior que as normais, sem problemas. Tudo bem. Mas se deram uma alta dose para aumentar a mortalidade e gerar manchetes negativas difamando o tratamento, eu concluo: esses cientistas são praticamente a reencarnação de Mengele.
Fizeram estudos com dados falsos, posteriormente publicado na Lancet, o que justificou a parada de diversos ensaios clínicos em andamento. Se fizeram por algum erro ou confusão em bancos de dados, sem problemas. Tudo bem. Mas se fizeram isso com o objetivo de destruir o tratamento e gerar manchetes no mundo todo para mentir sobre os perigos da medicação, eu concluo: esses cientistas agem como o Mengele recebendo os trens.
Diversos cientistas que estavam fazendo estudos "padrão ouro" com a hidroxicloroquina os interromperam devido ao estudo falso da Surgisphere, mesmo com resultados parciais positivos. Se não os retomaram por simples desatenção, sem problemas. Tudo bem. Mas se não retomaram para que esses estudos não dessem resultados positivos por interesses monetários ou políticos, eu concluo: esse cientistas são alunos de Mengele.
Vários estudos "padrão ouro" foram feitos com pacientes jovens, onde há pouca significância estatística por não serem pacientes de risco. Outros foram encerrados precocemente, gerando também pouca significância estatística. Se fizeram assim por impossibilidades diversas ou falta de conhecimento estatístico, sem problemas, tudo bem. Mas se fizeram isso com o objetivo de gerar propositalmente estudos sem resultados, para contribuir com o bloqueio da medicação, eu concluo: essas pessoas fazem ciência com a alma de Mengele.
A banalidade do mal
Israel foi fundada em 1948, três anos após o fim da segunda guerra mundial. Muitos sobreviventes judeus dos campos de de concentração mudaram-se para lá. Boa parte desses sobreviventes, quando contavam as histórias de extermínio e dos estudos de Mengele, ouviam piadas.
Mesmo com as evidências mostradas no julgamento de Nuremberg, ocorrido entre 45 e 46, as pessoas não acreditavam que seres humanos pudessem ser tão diabólicos. A história era difícil de acreditar de tanta maldade. Parecia um exagero.
Essas piadas ocorreram até iniciar o julgamento de Adolf Eichmann, um eficiente burocrata que ajudou a fazer os campos de concentração funcionarem como um relógio. Capturado na Argentina pelo Mossad, o serviço secreto israelense, em 1960, ele foi levado aos tribunais.
O governo israelita organizou o julgamento para que tivesse grande cobertura dos meios de comunicação, inclusive, por televisão, uma tecnologia que já estava popular.
Nuremberg, no aspecto midiático, foi deficiente e pouco didático, além de ser uma verdade nova. O New York Times, por exemplo, demorou para acreditar. Notícias sobre as câmaras de gás só foram publicadas pela primeira vez em 1944. Quase no fim da guerra.
No caso de Eichmann, as imagens televisionadas fizeram a diferença. Foi apenas assim que todos entenderam a proporção de tudo que aconteceu.
Durante esse julgamento, Hannah Arendt criou a expressão "banalidade do mal". Ela falava das pessoas que cumpriam ordens sem questioná-las, com o maior zelo e eficiência, sem refletir sobre o Bem ou o Mal que pudessem causar.
Em 1962, Eichmann foi enforcado. Em Israel, as piadas acabaram. Franz Wagner foi encontrado com uma faca cravada no peito. Em 1979, Mengele, o mais icônico psicopata que fez maldades em nome da ciência, foi enterrado com uma identidade falsa.
E se alguém tem alguma dúvida de qual assunto estou falando, deixo bem claro: é sobre crimes contra a humanidade.
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Filipe Rafaeli é um profissional de comunicação, cineasta independente e piloto de acrobacias aéreas.
https://twitter.com/filipe_rafaeli
Post scriptum
Aos checadores de fatos: a chance da hidroxicloroquina não estar funcionando, segundo a meta análise mais completa, é de 1 em 910 bilhões. Antes de escreverem qualquer coisa, chamem estatísticos que não sejam charlatões que digam que essa e as outras meta-análises que citei estão erradas.
Aos censores das redes sociais: censura é ferramenta dos covardes sem argumentos. Além disso, acontece tradicionalmente ao mesmo tempo em que crimes contra a humanidade são cometidos. Sempre começam queimando livros, depois seguem queimando pessoas. Vocês são garotos mimados de países que nunca passaram por isso. No meu país é uma realidade não muito distante. Tive parentes que foram presos e conheço diversas pessoas que foram torturadas por simplesmente falarem o que não poderia ser dito. Portanto, tomem cuidado com essas decisões, elas poderão ir para os livros de história.
Aos leitores:
Leiam meu primeiro artigo de Julho de 2020 (Português, Inglês, Francês)
Leiam meu segundo artigo de Setembro de 2020 (Português, Inglês, Francês)
Aos que acharem possíveis erros: escrevam nos comentários o que for relevante. Farei correções.
Para quem quiser republicar ou traduzir: está autorizado, desde que seja na íntegra e com todos os links. Poste o endereço da republicação nos comentários.
Sensacional! Gostaria que todos lessem até o final, mas a grande maioria que realmente precisa ler, tem preguiça. Espero que mais vozes de peso se levantem e que a verdade venha a tona. Parabéns!
Caros,
Este texto vem após breve discussão com Filipe e ele me convencer a escrevê-lo.
Não pretendo abordar interesses dos mais diversos, vou escrever sobre ciência e pontuar considerações nesse sentido.
Antes ainda do texto alguns apontamentos que podem ser breve:
1) Artigos científicos não são um bicho de sete cabeças, mas não são de domínio público, diferem em forma e objetivo de artigos encontrados em revistas do dia a dia, sobre isso recomendo este vídeo que situa quem não está familiarizado com artigos e revistas científicas e seus nuances (https://youtu.be/w2Sbh7xHHoo).
2) Sobre insulina, ela foi descrita para uso farmacêutico na década de 20 do século passado e RCTs são da década de 40, daí não encontrar RCT (https://pt.wikipedia.org/wiki/Insulina).
3) Sobre AZT ou Zidovudina, ela foi sim testada com ensaio RCT (https://pt.wikipedia.org/wiki/Zidovudina)
4) O foco da discussão será HCQ ou HCQ+Azi para tratamento precoce, sendo precoce pacientes com 5 ou 6 dias no máximo de sintomas. Outras situações quando abordadas serão de forma pontual.
5) Eventuais erros gramaticais devem ser perdoados, este texto não passará por nenhum revisor.
6) Este texto reflete minha visão sobre o tema sem pretensão de ser um farol ou bússola que aponta o caminha da verdade.
Como HCQ, assim como CQ e ivermectina, entrou para lista de possíveis candidatos para tratamento de COVID-19? Hoje em dia, qualquer teste para descobrir medicamentos contra agentes microbianos ou mesmo doenças no geral se inicia com microtestes “in vitro” de forma automática, permitindo o teste de centenas de substancias de uma vez só. HCQ sempre está presente em determinadas listas de drogas, ainda mais que já teve sua ação antiviral descrita.
Dessa forma, natural que fosse escolhida para seguir com mais testes após resultado positivo para ação antiviral contra COVID-19. A urgência da pandemia provocou uma aceleração e até pulo de etapas que talvez direcionassem o uso correto do medicamento sem tantos conflitos, como ocorre hoje. Cabe lembrar que ensaios "in vitro" são os mais básicos e servem a princípio como critério de exclusão, são testes que não tem a complexidade do organismo vivo, somente uma mimetização da ação local da droga. Por conta da urgência, o salto foi de microensaio simples para ensaio em pacientes, uma vez que a droga já é usada na clínica para tratar outras enfermidades, e isso gera uma falta de dados e questionamentos, a ponto de agora falarem em nebulização usando uma formulação de uso oral.
Desde de julho/agosto de 2020 não há recomendação da OMS para uso de HCQ em nenhuma circunstância, e por que? Em agosto de 2020 não havia um protocolo que de forma clara e reproduzida por vários grupos apontassem para algo consistente. Os testes continuam até hoje (abril/2021) e tudo pode mudar, mas hoje acredito que seguir a orientação é o melhor a se fazer. Veja, essa orientação da OMS não foi algo decidido por uma ou duas cabeças, vem de discussões dos departamentos de saúde de diversos países e cientistas reconhecidos de todo o mundo.
Neste ponto vou visitar o texto do Filipe, refletir e tentar explicar porque aqueles trabalhos citados provavelmente impactaram pouco as recomendações da OMS. E lembrando, o Filipe foca em seu texto o tratamento com HCQ no início da infecção de forma precoce.
A avaliação feita logo no começo do texto do Filipe no: COMO INICIOU A PROPOSTA DA HCQ COMO TRATAMENTO DA DOENÇA, ele cita o médico e cientista francês Raoult e o trabalho dele com HCQ. Este primeiro trabalho nada mais é que um estudo Chinês "in vitro" de pouco mais de um página (DOI: 10.5582/bst.2020.01047) que serve de base para o trabalho de Raoult (falaremos do trabalho de Raoult mais a frente). Raoult possui milhares de trabalhos científicos publicados e não estou aqui desacreditando ele, só expondo os fatos.
Ele segue o texto pelo caso anedotico (?), acredito que seria caso com baixo embasamento científico considerando o número pequeno de participantes (6) e segue uma discussão sobre padrão ouro, RCT e publicação científica e vou comentar abaixo sobre esses pontos.
Revistas científicas existem várias e elas possuem vários problemas, porém elas tem uma lógica que fica difícil impedir a divulgação de um dado científico, são dezenas de milhares de revistas, talvez o trabalho não seja aceito na revista que acredita ser melhor mas contendo dados relevantes e inéditos serão aceitos em alguma revista. Eu mesmo já tive artigo científico recusado por uma revista e aceito por outra, faz parte.
Revista científicas são depósito de trabalhos científicos. Podem ou não ser agrupados por temas como Lancenet ou gerais como a Science. Existe, é verdade, uma graduação de mais relevante para menos relevante, porém revistas científicas para publicação observam-se aos milhares. O modelo é em 99% dos casos igual. Um trabalho científico é enviado para uma revista. Um ou mais editores desta revista vão ler e decidir se a revista tem interesse um publicar o trabalho. Se a revista disser que não tem o trabalho é recusado ou se a revista disser que tem interesse aí vai para avaliação de pares, no mínimo 2 especialistas da áreas do trabalho que vão avaliar o trabalho de forma geral, método, relevância, resultados, incluindo estatística, conclusão, se falta algo para o trabalho concluir o que concluiu, podendo inclusive os revisores recusarem os trabalhos, pedirem um revisão e nova avaliação ou aprovação do trabalho científico.
RCT possuem um peso grande quando chegam a uma conclusão, eles são o resultado de um processo de construção das formas de avaliação da ação de drogas que vem sendo a mais de 70 anos aprimoradas. As vantagens do RCT podem ser enumeradas e logo de início observa-se a retirada da mão do cientista/médico o poder de escolher quem vai receber a droga e quem vai receber o placebo, trata como iguais ambos os grupos, acompanhando suas evoluções. Isso difere de testes observacionais, não que este último não possa ser feito, e em alguns casos não há outra forma, e isto está claro para todos os envolvidos.
O médico escolher os tratados com medicamentos, levando-se em consideração os interesses inclusive econômicos, diminui seu peso. Outro fator aqui é o grupo placebo que quando existente não é acompanhado com a proximidade como o grupo tratado com medicamento, sempre se referindo a um banco de dados gerais ou resultados obtidos em outro hospital, isso também prejudica a avaliação do trabalho, como salientado nos trabalhos que usam este tipo de teste.