Hidroxicloroquina: o mundo perdeu a noção de risco e benefício
Eu volto novamente ao assunto tabu. Mas dessa vez vai ser diferente. Hoje vou aceitar tudo que estão me apresentando como ciência, sem contestar nada.
Toda vez que eu escrevo sobre a hidroxicloroquina como possível tratamento para a COVID-19, meus textos são acusados de estarem se posicionando contra o que tem sido apresentado para todos nós como ciência.
Eu não preciso fazer nenhuma afirmação contundente ou dar opiniões fortes para gerar controvérsias. A mera sequência de fatos é suficiente. Entretanto, mesmo colocando apenas fatos, as pessoas não acreditam. Acham, a princípio, que estou omitindo parte dos acontecimentos para chegar em alguma conclusão que desejo. Ou seja, as pessoas acreditam que estou sendo desonesto, que estou mostrando os fatos que favorecem meu argumento e ignorando os outros.
Além disso, sempre que escrevo sobre a hidroxicloroquina e chego, inevitavelmente, a um tom contestador, logo aparece alguém e pergunta quais são minhas qualificações para ter a ousadia de questionar “a ciência”. Eu entendo quem pensa assim. É sensato. Afinal, eu não sou cientista ou médico. Sou apenas um piloto de acrobacias aéreas e sou, no máximo, caso contraia o vírus, um paciente.
Depois de quase dois anos de pandemia, uma coisa todos sabemos: o mero nome do medicamento desperta emoções incontroláveis. Isso acontece no Brasil e em diversos países do mundo. E exatamente por ver essas reações infantis, inclusive de cientistas, eu vou tentar, novamente, trazer racionalidade ao debate.
Sim, precisamos de racionalidade ao falar sobre tratamentos da COVID. Acho que as pessoas deveriam parar com histerias coletivas sempre que este assunto é trazido à tona.
E exatamente para evitar essas reações, o artigo de hoje terá um tom diferente. Para manter o equilíbrio emocional das pessoas, minha abordagem aqui será outra. Eu não vou contestar nada! Desta vez eu vou aceitar tudo que estão me apresentando como ciência durante a pandemia.
Eu entendo as pessoas que reagem emocionalmente quando alguém diz que hidroxicloroquina funciona
Você está trancado em casa há quase dois anos. Não recebe amigos. Você evita, ao máximo, visitar seus pais, deixando-os depressivos. Ao sair um centímetro de casa, coloca máscara para se proteger. Você carrega um pote de álcool em gel e passa nas mãos a cada cinco minutos.
Ao mesmo tempo, você abre o jornal e lá está escrito: “Hidroxicloroquina não é comprovada cientificamente”. Você liga a televisão e vê especialistas sorridentes afirmando a mesma coisa. Você consulta a OMS - Organização Mundial da Saúde, e lê que eles não recomendam o medicamento. A associação médica famosa? Não recomenda. O hospital importante, de referência, da sua região? Não usa.
Diante disso, há duas possíveis situações: a primeira é uma pessoa se dirigir a você e repetir a afirmação de que não funciona. Com isso, essa pessoa está dizendo que, apesar da pandemia, o mundo está em uma situação de normalidade. Não gera nenhum tipo de incômodo.
Mas há uma segunda situação: é uma pessoa se dirigir a você e afirmar que hidroxicloroquina funciona contra a COVID-19. Neste caso, é perfeitamente humana uma resposta emocional. É compreensível.
Pensa junto comigo. Na hipótese do medicamento barato, genérico e disponível em qualquer esquina estar funcionando, há uma quantidade grande de pessoas, inclusive governos, fazendo a maldade de o suprimir da população, deixando milhões morrerem sozinhos, sem ar, intubados. Seria uma ação de desinformação oficial gerando uma legião de filhos órfãos, netos desamparados e famílias em luto. Alguém afirmar que funciona, portanto, representa algo inquietante. Seria uma história de terror.
Não é difícil de entender. Esta pessoa, ao afirmar a eficácia, está dizendo que a OMS - Organização Mundial da Saúde, a NIH - National Institute of Health, a FDA - Food and Drug Administration, entre diversos governos, estão agindo contra suas populações. Ao mesmo tempo, esta pessoa está dizendo que há cientistas trabalhando para sabotar, enganar, difamar a cura e que médicos estão deixando pacientes morrerem desnecessariamente.
Ou seja, esta pessoa está dizendo que a humanidade é um lixo e que você, além de tudo, é um ingênuo por ter fé na bondade humana, além de dizer que você foi feito de idiota por quase dois anos, colocando sua vida em risco. Talvez você tenha perdido sua mãe, seu pai, um parente ou um amigo e nem teve a oportunidade de se despedir com um enterro decente.
É muito pesado. Abalar a fé que as pessoas possuem na benevolência humana gera um incômodo profundo. É perfeitamente compreensível surgirem piadas, sarcasmos ou ofensas como resposta a quem afirma que a COVID-19 possui tratamento eficaz. Não é difícil entender quem interrompe, na maioria das vezes de modo grosseiro, as pessoas que ousam falar no assunto. Eu compreendo perfeitamente todos que reagem deste modo.
Mas se até a OMS recomenda contra a HCQ, por que a suposta polêmica ainda persiste?
A OMS já deu seu veredito: é contra a prescrição desses medicamentos. Este assunto era para ser, portanto, superado e finalizado.
Entretanto, muitos cientistas, do mundo todo, inclusive alguns com história importante na ciência, continuam insistindo que o medicamento funciona e que vidas estão sendo perdidas de modo desnecessário. Por quê?
Eu explico. Existem hoje, 24 de outubro de 2021, quase trezentos estudos clínicos com a hidroxicloroquina. Entre eles, 32 foram feitos em uma condição específica: o tratamento precoce. Ou seja, com início da medicação nos primeiros cinco dias de sintomas. Em uma análise geral, entre todos esses em tratamento precoce, os resultados, para os tratados, são fortes e consistentes.
Dos 32 estudos em tratamento precoce, 13 avaliaram um desfecho importante, que não dá para disfarçar ou negociar: a mortalidade. Esta é a lista dos 13 estudos com esta análise.
Todos os estudos observacionais em tratamento precoce da HCQ que medem mortalidade como desfecho apresentam resultados positivos
Na primeira coluna, na esquerda, os nomes dos pesquisadores principais de cada estudo. Na segunda coluna, o quanto foi a redução na mortalidade em porcentagem. Cada estudo foi feito em lugares diferentes, por pesquisadores diferentes, em datas distintas. Todos, conforme mostra o gráfico, trazem resultados bastante próximos de eficácia. O benefício é unânime.
Na soma total de resultados, entre os 18.434 pacientes que tomaram hidroxicloroquina, morreram apenas 81. E entre os 32.194 não tratados, para comparação, morreram 836. Isso representa uma redução de mortalidade de 75%.
De todos eles, vou explicar alguns detalhes de três, para que todos entendam o que são os estudos observacionais.
O estudo observacional do Dr Zelenko, Dr Denwand e Dr Scholz
Um primeiro exemplo é o estudo do Dr Zelenko, que atendeu pacientes em uma cidade próxima de Nova York. Ele usou hidroxicloroquina, azitromicina e zinco. Iniciou a terapia tripla nos pacientes com uma média de quatro dias de sintomas. Para publicar o estudo, ele fez uma parceria com mais dois cientistas alemães, Roland Derwand e Martin Scholz.
Foram tratados ambulatorialmente 141 pacientes com uma idade média de 58 anos. Para comparar o resultado, eles pegaram dados de referência de 377 pacientes não tratados da mesma comunidade onde o Dr Zelenko atendeu seus pacientes. Entre os tratados, 2,8% foram hospitalizados. Entre os não tratados, 15,5% foram hospitalizados. Uma redução de 85% na taxa de hospitalizações. Houve apenas um óbito entre os 141 tratados. Entre os 377 não tratados, foram 13. Uma redução de 79% na mortalidade.
Este é um tipo de estudo barato de ser feito. Bastou comparar os resultados dos pacientes tratados com os resultados de pacientes não tratados.
O estudo observacional da Hackensack University Medical Center
Liderado pelo cientista Andrew Ip, é um estudo que ocorreu em 13 hospitais da rede Hackensack Meridian Health, em Nova Jersey, EUA. Envolveu uma análise sobre 1.067 pacientes da rede confirmados com COVID, onde 97 tomaram hidroxicloroquina em monoterapia, nos primeiros dias de sintomas, e 970 não receberam nenhum medicamento. Houve uma redução na necessidade de hospitalizações de 37% entre os tratados. No fim das contas, dos 97 tratados, dois morreram, e entre os 970 não tratados, 44 morreram. Uma redução na mortalidade de 55%.
A idade média dos pacientes analisados era de 54 anos para os não tratados e de 57 anos para os tratados.
O estudo iraniano com 28,759 pacientes
O principal cientista do estudo é Majid Mokhtari, da Universidade de Ciências Médicas Shahid Beheshti, de Teerã. A pesquisa envolveu uma rede de 5500 Centros de Saúde Abrangentes (CHC) no Irã inteiro. Primeiramente, houve uma redução de 35% na necessidade de hospitalização entre os tratados, semelhante ao da Hackensack. E dos 7,295 pacientes que receberam a monoterapia hidroxicloroquina em tratamento precoce, 27 morreram. Dos 21,464 pacientes que não receberam o medicamento, 287 morreram. Uma redução de 70% na na mortalidade. A idade média dos pacientes era de 43 anos.
"Não foram notificadas reações adversas graves aos medicamentos HCQ em nenhum dos grupos etários com ou sem comorbidades", concluíram os cientistas iranianos.
"Observacional não tem poder de determinar eficácia de terapia"
Esta é a afirmação que nos dão o tempo todo. É repetida por bastante gente, como o pesquisador brasileiro José Alencar, autor do livro "Manual de Medicina Baseada em Evidências". As pessoas que desqualificam os estudos observacionais dizem que apenas os estudos "padrão ouro", os randomizados e controlados por placebo, são capazes de aferir eficácia de medicamentos.
Eu poderia contestar citando o artigo científico de Andrew Anglemeyer, epidemiologista da Universidade de Otago, na Nova Zelândia. Seu estudo, revisado por pares e publicado em 2014 na Cochrane Library, concluiu que não existem diferenças significativas de resultados entre estudos observacionais e o "padrão ouro", principalmente quando a eficácia é maior que 8%, como são os casos de todos os estudos da hidroxicloroquina em tratamento precoce. Ou seja, o estudo afirma que os observacionais comprovam, sim, eficácia.
Mas hoje eu vou aceitar que apenas os estudos "padrão ouro" atestam eficácia.
Eu poderia argumentar, na mesma linha, com outro estudo, de Kjell Benson, publicado em 2000 na New England Journal of Medicine, onde o autor chegou às mesmas conclusões. "Encontramos poucas evidências de que as estimativas dos efeitos do tratamento em estudos observacionais relatados após 1984 sejam consistentemente maiores ou qualitativamente diferentes daquelas obtidas em ensaios clínicos randomizados", concluiu o cientista.
Mas para não dar gatilho de histeria em massa, hoje eu vou também ignorar este estudo e concordar com os cientistas celebridades que aparecem nos telejornais.
Eu poderia dizer que jamais, na história da medicina, 13 estudos observacionais com uma média de 75% de eficácia tiveram seus resultados revertidos em estudos "padrão ouro". Mas hoje eu aceito a afirmação atual e não farei isso.
Não seria difícil contestar com um questionamento: perguntar se a insulina para diabéticos ou a vacina antitetânica são eficazes, porque jamais foram feitos estudos "padrão ouro" com essas intervenções. Mas hoje eu aceito tudo e não contesto nada.
Não seria difícil confrontar esses especialistas afirmando que 86% dos tratamentos de doenças infecciosas e 89% dos tratamentos da cardiologia não possuem o nível máximo de evidência, e que, portanto, principalmente durante uma pandemia, jamais deveríamos aguardar as evidências máximas para tratar os doentes. Mas hoje eu não estou apontando incoerências. Está tudo bem.
Outro modo que os especialistas midiáticos usam para criticar os estudos observacionais da hidroxicloroquina é acusá-los de estarem publicados em revistas científicas de baixo ou médio fator de impacto, o que é verdade.
Hoje, entre centenas, os periódicos médicos de maior prestígio são a New England Journal of Medicine, a Lancet, a Jama, a British Medical Journal, a JAMA Internal Medicine, a Annals of Internal Medicine e a American Journal of Preventive Medicine.
A NEJM, por exemplo, possui um fator de impacto de 91.245. O estudo Iraniano está publicado em uma revista de fator de impacto 4.932. O estudo da Hackensack University está em uma revista rankeada em 3.090 e o estudo do Dr Zelenko em uma revista com apenas 5.283. Números muito inferiores aos da New England Journal of Medicine.
Eu poderia contra-argumentar citando Richard Smith, que foi editor da British Medical Journal por 25 anos e escreveu um artigo com o seguinte título: "As revistas médicas são uma extensão do braço de marketing das empresas farmacêuticas".
Em seu artigo, Smith citou uma frase de Richard Horton, editor chefe da Lancet, que em março de 2004, disse: “Os periódicos evoluíram para operações de lavagem de informações para a indústria farmacêutica”.
Baseado nisso, eu poderia argumentar que o importante são os dados dos estudos e que jamais as revistas de alto fator de impacto publicariam estudos positivos de medicamentos genéricos, baratos e sem patentes para tratamento ambulatorial da COVID, pelo simples fato de que não é interesse das grandes indústrias e elas determinam o que esses periódicos publicam. Mas não farei isso. Eu aceito. Tudo bem.
Portanto, você, leitor, junto comigo, vai ignorar todos esses estudos observacionais. Você vai, a partir de agora, encará-los como incapazes de determinar eficácia de uma terapia. Esqueça todos os dados de eficácia. Entenda-os apenas como "hipóteses sem confirmação", como os especialistas midiáticos explicam.
O que dizem os estudos "padrão ouro" da hidroxicloroquina em tratamento precoce?
Depois de um ano e meio, quase todo mundo sabe o que é um estudo padrão ouro. É o que todos os "divulgadores científicos" estão explicando quase toda semana: os pacientes são sorteados de modo equilibrado, reduzindo fatores de confusão, para que sejam formados dois “braços”. Um grupo recebe o medicamento e o outro recebe placebo. Os fatores que influenciam o sorteio são: idade, doenças pré-existentes, fatores de risco da COVID e sexo.
Além disso, não são apenas os pacientes que não sabem quem recebeu o medicamento ativo ou o placebo. Os médicos que estão os atendendo estes pacientes também não sabem. Isso é o "duplo cego".
Mas afinal, o que dizem os estudos "padrão ouro" da hidroxicloroquina em tratamento ambulatorial precoce, revisados por pares e publicados em revistas de alto impacto? Esses periódicos são, para os "defensores da ciência", os únicos que publicam estudos confiáveis.
Temos apenas um. O estudo de Caleb Skipper, da universidade de Minnesota, EUA, publicado na Annals of Internal Medicine, um periódico com fator de impacto 25.391, o sexto mais alto do mundo.
Foi realizado entre 22 de março e 20 de maio de 2020. Eles inscreveram os participantes por meio de pesquisas baseadas na Internet nos Estados Unidos e nas províncias canadenses de Quebec, Manitoba e Alberta. No total, foram analisados dados de 423 participantes, onde 212 receberam hidroxicloroquina e 211 receberam placebo.
Eu, obviamente, para não causar reações emocionais, e por ser apenas um piloto de acrobacias, não vou contestar nada no estudo, mesmo que minhas observações não tenham nada a ver com ciência ou estudos clínicos. Eu aceitarei os dados exatamente como eles estão publicados.
Mas afinal, o que diz o estudo?
Você abriu o estudo, leu, e voltou aqui, certo? Como previsto, o resultado do estudo randomizado, duplo cego, controlado por placebo, coincide com os resultados dos estudos observacionais.
No grupo placebo, 10 pessoas acabaram sendo hospitalizadas, mas duas não estão relacionadas à doença, diz o estudo. Portanto, foram oito hospitalizações COVID no placebo. No grupo de tratamento, em contraste, apenas quatro pacientes precisaram ser hospitalizados.
Ou seja, houve 50% menos hospitalizações entre os tratados. Os que tomaram hidroxicloroquina se saíram melhor quando falamos de necessidade de hospitalização por agravamento da doença. Número próximo dos 37% na redução de hospitalizações do estudo da Hackensack University e dos 35% de redução no estudo iraniano.
E sobre mortes? Entre os 211 que receberam placebo, uma pessoa morreu. E entre os que receberam HCQ, uma pessoa também morreu, mas neste caso sem ser hospitalizada. E não há nenhuma explicação detalhada sobre isso. E eu me pergunto: como alguém morre de COVID sem se dirigir ao hospital no país mais rico do mundo? Não estamos falando do Afeganistão, Guiné-Bissau ou do Haiti. Estamos falando dos EUA e do Canadá.
Pela falta de esclarecimentos, pode ser qualquer coisa. Desde um escorregão no banheiro de alguém com COVID, um acidente de bicicleta de alguém infectado, ou pode ter sido alguém morto com um joelho de um policial no pescoço, como o George Floyd, que tinha COVID e morreu no período de acompanhamento do estudo, exatamente em Minnesota, a cidade de onde originou a pesquisa.
Entre os que foram designados para tomar hidroxicloroquina, 25% deles não tomaram todas as doses ou deixaram de tomar o medicamento, diz o estudo. Não é informado se pode ter sido o caso do morto no braço hidroxicloroquina.
De qualquer forma, o óbvio é que quanto menor sua chance de ser hospitalizado pela gravidade de uma doença, menor sua chance de morrer pela gravidade da mesma doença.
E agora, você, leitor, está aí, abismado de ver que hidroxicloroquina possui um estudo "padrão ouro", revisado por pares e publicado em uma revista com alto fator de impacto, em que o grupo tratamento se saiu muito melhor que o grupo placebo. Agora você está se perguntando por que nem as autoridades, nem os especialistas da televisão, estão recomendando o tratamento.
Eu explico. Porque por serem apenas pouco mais de 200 pessoas por braço, o resultado positivo de 50% menos hospitalizações não possui significância estatística. Existe uma medida chamada p-valor, o valor de probabilidade. No caso deste estudo, para necessidade hospitalização, o valor é P = 0.29.
Isso significa que o resultado deste estudo possui 29% de chances de ter ocorrido como obra do acaso. A convenção da ciência médica é que o estudo somente demonstra algo se a possibilidade do acaso for, no máximo, 5%. Ou seja, os pacientes HCQ, de fato, se saíram melhor que os pacientes placebo, mas pode ter sido apenas por sorte do medicamento.
Eu poderia argumentar que a idade média dos pacientes deste estudo foi de 40 anos. Com esta média de idade, e não um estudo em pacientes do grupo de risco, a maioria deles se recupera sem assistência. Isso reduz o espaço para um tratamento produzir melhorias e gerar contraste entre os grupos tratamento e placebo. Mas eu aceito, sem contestar, o que foi publicado, para que ninguém se sinta ofendido.
De fato, com pouco mais de 400 pacientes, em idade média de 40 anos, ou seja, fora do grupo de risco, é impossível gerar resultado com significância estatística, mesmo se a eficácia for de 50%. Mas tudo bem, aceito que foi um resultado positivo ao acaso.
Eu poderia reclamar que até hoje ninguém fez um estudo com amostra grande o suficiente para apontar eficácia significativa em tratamento precoce da hidroxicloroquina, e que, portanto, há essa exigência, mas ninguém nunca quis fazer esse estudo, mas não farei isso.
Todas as pessoas têm fé na bondade humana e acreditam que os cientistas estão realmente interessados em buscar uma cura há dois anos. Sendo assim, aceito que só temos um único estudo, com resultado positivo, mas por sorte.
E mais um detalhe nesta pesquisa: em algum momento, decidiram que incluiriam 750 pacientes em cada braço. Isso é informado no próprio estudo. Mas não fizeram isso. É, portanto, um resultado parcial, de um estudo com menos de um terço do tamanho. Ou seja, o jogo hidroxicloroquina x placebo foi interrompido quando a hidroxicloroquina estava ganhando.
Uma pausa para uma curiosidade matemática sobre o p-valor, o valor de probabilidade
No estudo de Skipper, 212 receberam HCQ e 211 receberam placebo. Houve 50% menos hospitalizações entre os tratados. Mas o p-valor é de 0.29. Portanto, indica que há 29% de chance do resultado ter sido ao acaso.
Eu pedi para Daniel Tausk, PhD em matemática, professor da USP, uma das mais conceituadas universidades do Brasil, que fizesse um cálculo: de quanto seria o valor do "acaso" se o estudo tivesse sido completo, com 1500 pacientes no total, como foi idealizado pelos próprios pesquisadores, seguindo a mesma redução de 50% de hospitalizações entre os tratados, como indicado no resultado parcial.
"Se fossem 1500 pacientes no total, 750 em cada braço, mantendo as mesmas proporções, teríamos 28 de 750 no placebo e 14 de 750 no tratado", afirmou Tausk.
Com a amostra maior, mantendo a mesma proporção, o p-valor cairia para 0,04 e seria significativo, calculou Tausk. Ou seja, a chance do resultado ser ao acaso, com um estudo completo, seria de 4%.
Um alerta meu: ninguém deve me seguir ou usar minha percepção como referência, ela pode estar distorcida
Há dois modos de ver o tratamento precoce da COVID com hidroxicloroquina. O primeiro é com a ciência de antes da pandemia, onde o estudo "padrão ouro", relatando redução nas hospitalizações, apenas confirmou os resultados dos estudos observacionais.
Segundo a ciência dita pelos especialistas ouvidos pelos jornais atualmente, a chance do resultado do estudo ter sido ao acaso em 29%, e não menor que 5%, qualifica o tratamento como não válido. Logo, essa possibilidade de tratamento, segundo a opinião deles, não deve sequer ser levada em consideração. Muito pelo contrário: deve ser combatida.
Neste artigo, eu não estou contestando os especialistas que falam na televisão. E estou, portanto, descartando a primeira possibilidade, de que o estudo "padrão ouro" apenas confirmou a eficácia. Há, portanto, uma chance em três do resultado do estudo, que é positivo, ter sido obra do acaso. A partir deste ponto, é necessário colocar os riscos e benefícios na balança.
O medicamento possui 70 anos e foi exaustivamente testado. É extremamente seguro. Para algumas doenças, como lupus e artrite reumatóide, as pessoas tomam HCQ diariamente, por anos. As doses diárias, tanto para essas doenças, como para COVID, são praticamente as mesmas, mas para COVID as pessoas tomam apenas por cinco dias.
Basicamente, o risco de efeito colateral do uso da hidroxicloroquina em um tratamento de COVID é ter a chance de uns 15% de ter uma leve diarréia. Nada além disso foi registrado.
Vamos supor que hoje eu apresente sintomas de COVID. Há um tratamento que reduz pela metade a possibilidade da minha doença se agravar e eu acabar hospitalizado, mas a chance do resultado deste estudo ter ocorrido ao acaso é de 29%. Por outro lado, se eu tomar o medicamento, eu tenho a possibilidade bem baixa de ter uma simples diarréia.
Minha decisão? Um dos medicamentos mais seguros do mundo? Eu tomo. Mesmo que fosse 100% de chance de ter uma diarréia. Mas não me acompanhe, eu não sou referência e não quero influenciar ninguém. Você precisa saber de uma coisa: eu sou acostumado a correr riscos.
Eu faço apresentações acrobáticas à baixa altura. Em cada manobra, eu preciso fazer um cálculo rápido de riscos e benefícios. Qualquer pequeno erro que eu cometa, ou se ocorrer algum possível problema técnico, há um forte efeito colateral. É quando uma apresentação de acrobacias aéreas transforma-se em outra coisa: um espetáculo de som, luz e calor.
Em muitos anos praticando a atividade, eu já fui em diversos enterros de colegas pilotos e continuo voando.
Na verdade, as acrobacias foram inventadas durante a primeira guerra mundial. Servia para fugir de tiros dos inimigos ou para atirar neles. Nós mantivemos a atividade até hoje apenas por diversão e tradição aeronáutica, além do provável conceito de viver perigosamente de Nietzsche. Mas agora apenas com o risco, sem a necessidade de utilizar as manobras para sobreviver em uma guerra.
Quem se dispõe a correr esses riscos não fica com dúvidas, em caso de estar infectado com Covid, em tomar hidroxicloroquina por cinco dias, mesmo sendo este medicamento um dos mais seguros do mundo, por apenas uma boa chance de não ser internado. Mas essa decisão é da minha natureza e eu não quero influenciar ninguém.
Entretanto, você, leitor, que também precisa tomar uma decisão sobre o que fazer caso contraia o vírus, está sendo influenciado pelo cálculo de risco e benefício de qual categoria de pessoas?
"Você sabia que a eficácia da camisinha é de apenas 90%?"
Você vai em um bar e leva aquele seu amigo nerd que sempre sofre bullying de todo mundo. Ele é um sujeito que anda de modo esquisito e ri de maneira estranha. Seus assuntos preferidos são dinossauros, buracos negros e viagens no tempo, temas dos quais ele assiste todos os vídeos no youtube. Além disso, ele tem coleções de bugigangas do Star Wars, adora vídeo games e lê gibis de super heróis.
No bar, ele tira foto com a cerveja na mão e publica na internet para mostrar para outros nerds que é descolado e que costuma sair de casa. Você está lá, com ele, tomando cerveja e entretido com histórias sobre os tiranossauros rex e meteoros. Logo você repara em uma mulher muito bonita, trocando olhares, deixa seu amigo de lado e resolve investir. Depois de uma conversa agradável, a moça te convida para ir ao apartamento dela. "Você sabia que a eficácia da camisinha é de apenas 90%?", pergunta seu amigo. Você ri da cara dele.
No alto nível das "decisões da ciência", se algum tratamento tivesse sido aprovado pelos burocratas, as vacinas não poderiam ganhar o status de uso emergencial. É a lei nos EUA. E de fato, com pacientes COVID sendo tratados, as vacinas não seriam necessárias. Enquanto isso, medicamentos sem patentes não tem dono nem lobby.
Para as grandes decisões financeiras, a "medicina baseada em evidências" foi montada para aprovar medicamentos lucrativos, sendo os estudos randomizados extremamente caros. Assim, esses estudos servem como uma barreira para o que não há interesse comercial. Apenas são feitos se forem financiados por grandes indústrias ou governos.
Exatamente por isso todos os "especialistas" correm e se negam a debater o estudo de Anglemeyer, que demonstra que os estudos observacionais, baratos, também atestam eficácia.
Na vida real, 50% do financiamento da OMS - Organização Mundial da Saúde, vem dos fabricantes de vacinas. No mundo dos negócios, a indústria farmacêutica gasta três vezes mais com lobby do que a indústria petroleira, que cria guerras no mundo todo.
No mundo como ele é, os investidores das vacinas vão para a lista da Forbes. E entre os especialistas que precisam tomar decisões durante a pandemia, quanto mais eles recebem da indústria farmacêutica, mais eles se posicionam contra a hidroxicloroquina.
No mundo da ciência médica, quanto mais o especialista recebeu das indústrias farmacêuticas, mais ele produziu estudos negativos da hidroxicloroquina contra a COVID. Tudo isso é o que ocorre nos grandes castelos. Não é e nunca foi uma discussão sobre riscos, benefícios e evidências científicas.
Por outro lado, com a chegada da pandemia, os nerds que produziam conteúdo científico sobre dinossauros e faziam guerras homéricas contra a falta de evidências científicas do horóscopo, mas que tinham milhares de seguidores no youtube, se tornaram referências ouvidas porque já eram conhecidos "divulgadores de ciência".
Além disso, as TVs catapultaram esses nerds medrosos ao status de subcelebridades. Um dos motivos é que com todo mundo em casa, eles já sabiam transmitir lives com imagens boas e sons bem captados, necessários para a televisão. E vieram com mais um benefício: eles concordam com as decisões dos órgãos importantes.
Ou seja, um tipo de gente que não possui noção de risco e benefício impôs sua visão de mundo para todos.
Este é um documento do CDC — Center for Disease Control and Prevention, órgão dos EUA, sobre a hidroxicloroquina. É um guia. Foi feito antes da pandemia.
Diz que hidroxicloroquina pode ser prescrita para adultos e crianças de todas as idades. É seguro para uso durante a gravidez e seguro para mães que amamentam. Apenas alguns medicamentos tiveram esse perfil de segurança. Além disso, pode ser receitado preventivamente. Mas para os produtores de vídeos sobre dinossauros, isso, de uma hora para outra, virou veneno mortal.
Enquanto no topo da cadeia de decisões a questão envolve muito dinheiro. Aqui embaixo, esses inocentes úteis realmente acreditam que não vale a pena. Para eles, é muito risco e pouco benefício recomendar hidroxicloroquina para os doentes de COVID se a chance do resultado do estudo positivo for creditada ao acaso em 29%, e não 5%, em um medicamento incrivelmente seguro.
Além disso, esses idiotas sem noção gostaram de serem alçados à fama repentina. Presos em casa, ficam vendo seus números de seguidores nas redes sociais aumentando para centenas de milhares. No fim das contas, é como se estes imbecis, ao imporem suas visões limitadas do mundo, estivessem se vingando de todo bullying que receberam a vida toda por serem do jeito que são.
Antigamente, os rostos das pessoas que davam apoio aos crimes contra a humanidade eram os guardas dos campos de concentração ou os torturadores das ditaduras da América Latina. Hoje os rostos mudaram: são youtubers adoradores de fósseis, ou divulgadores de ciência que faziam piada com astrólogos.
Se eles tivessem noções normais de risco e benefício, seria fácil derrubar a lucrativa narrativa de que "não há tratamento", imposta pelos poderosos. Mas não. Empoderados por curtidas e se sentindo inteligentes, se acham no direito de ofender, difamar e achincalhar médicos e cientistas que possuem noção intacta de riscos e benefícios.
Histeria em massa e guerra contra todos os tratamentos
A história do estudo randomizado "padrão ouro" da HCQ é interessante por alguns motivos. O primeiro é explicar a questão das probabilidades dos resultados positivos de estudos serem frutos do acaso. O segundo é mostrar como a hidroxicloroquina foi assassinada na frente de todos.
Há medo de recomendar a "perigosa" hidroxicloroquina pela chance da eficácia do estudo ser ao acaso em 29%? Seus problemas acabaram. Existem outras opções.
O estudo "padrão ouro" sobre própolis teve resultado positivo
É um estudo padrão ouro: randomizado e controlado. Foi feito por cientistas brasileiros, incluindo cientistas da USP, uma das mais prestigiadas universidades da América Latina. Saiu publicado no periódico científico Biomedicine & Pharmacotherapy, de fator de impacto 6529, Mostrou eficácia do própolis verde brasileiro em pacientes hospitalizados.
Foram 124 pacientes randomizados em três grupos. Um de controle com 42, outro com 40 em com dose baixa. e um terceiro com 42 pacientes em uma dose maior de própolis. A idade média dos pacientes era de 50 anos. "O tempo de internação pós-intervenção foi menor em ambos os grupos de própolis do que no grupo controle", concluíram os cientistas.
O início do estudo foi em infectados pela COVID já hospitalizados. Em média, os pacientes do grupo controle ficaram internados 12 dias. Entre os pacientes que tomaram a dose normal de própolis, a média foi de apenas seis dias de internação. Os pacientes com a dose mais baixa, sete dias.
Ou seja, apenas com própolis você reduz pela metade a ocupação dos hospitais. Querem mais boas notícias? A própria COVID causa danos renais. O uso do própolis reduziu estes danos. Foram 4,8% entre os que tomaram própolis vs 23,8% no grupo controle. Portanto, o própolis ainda reduz as sequelas da doença.
É um estudo "padrão ouro" com significância estatística. Sabe qual a chance do resultado positivo do estudo de dose mais alta, referente à redução do tempo de hospitalização pela metade, ser ao acaso? É de míseros 1%.
Sim. Própolis. Está com medo do efeito colateral do própolis? É um produto que vende em casas de produtos naturais, que não precisa de receita médica e é extremamente barato. É produto que avós receitam para os netos, não os médicos.
Eu até entendo as pessoas que têm medo de dar hidroxicloroquina para seus pacientes. Mas em um mundo normal, onde não há uma histeria coletiva ocorrendo, onde as pessoas conseguem pensar e analisam risco e benefício, não há um único motivo racional sequer para própolis não estar sendo usado para esvaziar todos os hospitais do mundo.
Entretanto, nós estamos em um planeta onde as pessoas fazem acúmulo de papel higiênico a ponto de criar uma escassez global. Um mundo onde as pessoas usam máscaras mesmo quando dirigem sozinhos seus carros. E onde quem dá risada disso está errado, claro.
Enxaguante bucal funcionou, segundo estudo "padrão ouro"
É um estudo randomizado, cego e controlado por placebo. Executado por cientistas brasileiros, foi publicado no periódico Scientifc Reports, vinculado à revista Nature, com fator e impacto de 4.379. Avaliou a eficácia de um enxaguante bucal em 41 pacientes internados com COVID-19.
Vinte internados fizeram enxaguatório bucal com o produto ativo. Os outros 21 com um enxaguante falso. Os gargarejos ocorreram cinco vezes por dia, por um minuto cada vez, até terem alta hospitalar. Como a randomização é pequena, houve diferença de idade nos grupos placebo e tratamento, onde o grupo tratamento tinha tendência de se sair pior. Eles tinham uma média de 10 anos a mais, além de ter mais comorbidades e estar há mais dias doentes.
Mesmo com o grupo tratamento com a tendência de ir pior naturalmente, ninguém, entre os tratados, precisou passar da internação para a UTI. Enquanto isso, no grupo não tratado, seis pessoas precisaram de cuidados intensivos. O mesmo ocorreu com as mortes. No grupo placebo, três pessoas morreram. No grupo dos que usou o enxaguante bucal verdadeiro, ninguém morreu.
O estudo possui significância estatística para ser "bom" pela ciência. Sobre o benefício de evitar a UTI, o resultado possui apenas 2% de chance de ser ao acaso.
E aí? Você tem medo do efeito colateral do gargarejo? Precisa ser piloto de acrobacias aéreas a baixa altura para acreditar que a conta entre risco e benefício é válida? Veja bem, você não precisa tomar o enxaguante bucal. É só para fazer gargarejo mesmo. É um produto que vende sem receita médica nas farmácias. Além disso, é barato, deixa o hálito bom e evita cáries, como todos os enxaguantes bucais.
Em um mundo normal, onde todas as pessoas conseguem raciocinar, não há um argumento racional para isso não estar sendo usado em todos os infectados do mundo. Até antes de serem internados. Antes até das pessoas terem seus exames de PCR confirmando COVID, sendo apenas suspeitos da doença.
Mas nós estamos em um mundo tomado por uma histeria coletiva e o Canadá, não Honduras ou Myanmar, virou uma ditadura. Lá, a polícia entrou em uma casa, interrompeu uma festa com sete pessoas e prendeu duas. E a Austrália? Eu, brasileiro, pela primeira vez na vida, celebro a sorte de não ter nascido australiano. Por lá, já fazem campos de concentração para prender gente ao tentar lidar com a COVID.
E lendo este estudo sobre enxaguante bucal, me veio um pensamento. Eu não sou médico, mas eu desconfio que não há nenhum problema em tomar própolis e fazer gargarejo para cáries logo em seguida. Possivelmente acabei de inventar um cocktail de tratamento da COVID, o qual é capaz de fazer o mundo voltar ao normal.
Porque os hospitais preferem deixar morrer
Vamos supor que eu sou dono de um hospital. Logo eu vejo estudos como este do própolis, da hidroxicloroquina ou do enxaguante bucal. Eu decido, pela análise racional de risco e benefício, começar a tratar todos os meus pacientes COVID com estes medicamentos.
Eu vejo o resultado e começo a avisar para todo mundo começar a usar. Gravo vídeos e coloco no youtube. Aviso todos os meus pacientes para que se dirijam ao hospital nos primeiros sintomas da doença.
Pouco depois sai no jornal uma notícia feita pelos jornalistas científicos sem noção de risco e benefício, mas que por trás deles, os empoderando, há uma ausência de ação da FDA e da OMS. "Hospital dá medicamentos sem comprovação científica". A única coisa que não quero, para meu hospital, é que a imprensa diga que eu sou um negacionista da ciência, charlatão ou que eu esteja fornecendo falsas esperanças de cura.
Eu, dono do hospital, prefiro tratar meus amigos, meus parentes, mas solicitando que fiquem em silêncio. Para todos os outros, prefiro deixar que morram. Se eu receito para mais pacientes, as fotos das receitas médicas vão para as redes sociais, onde há milhares de compartilhamentos, logo indo para a imprensa.
Todos que tentaram fazer diferente se deram mal.
Nos EUA, o Instituto Henry Ford deu hidroxicloroquina para seus pacientes. Viu um resultado positivo, mas como o estudo não é "padrão ouro", isso representa um pecado mortal. "A FDA negou o pedido de Henry Ford para continuar usando hidroxicloroquina para pacientes com COVID-19 depois que o hospital lançou um estudo controverso", noticiou o jornal MetroTimes de Detroit.
No Brasil, o grupo de saúde Prevent Senior resolveu tratar seus pacientes. Teve bons números, como o Henry Ford, como os dos estudos do Irã, como o estudo de Skipper e o estudo da Hackensack, de Nova Jersey. No The Intercept, o título é este: "Com anuência do CFM, Prevent Senior transformou brasileiros em cobaias humanas".
Ninguém pode dar um passo para trás. O FDA negou o pedido do Hospital Henry Ford e ainda os ofendeu, como se não soubessem fazer ciência. Se a eficácia é reconhecida meses depois, a FDA deixou milhares morrerem.
No Brasil, a Prevent Senior, um plano de saúde mais barato, é o único grande hospital que trata, ou tratava pacientes de covid a partir dos primeiros sintomas. Os outros hospitais, considerados mais de ponta, como o Albert Einstein ou o Sírio Libabês, das elites econômicas, artísticas e políticas, não tratam. Se meses ou um ano depois, a eficácia é reconhecida, os hospitais que deixaram morrer são os de ponta, não o da classe média. Isso causaria uma ruptura de reputação.
Enquanto nenhum tratamento for recomendado pela OMS, recomendado pela FDA, recomendado pela NIH, e por todas as sociedades médicas, nenhum hospital começará a tratar, publicamente, por medo.
Por isso existem diversos casos de especialistas falando contra tratamentos publicamente e pegos no flagra receitando para eles mesmos quando infectados.
É o caso do médico David Uip, ex-diretor-executivo do Instituto do Coração de São Paulo (Incor), da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, as três instituições mais bem conceituadas da América Latina. Uip é considerado um dos maiores especialistas em doenças infecciosas do Brasil.
A notícia publicada no site Migalhas, que cobre a área jurídica, informa que Uip processou o farmacêutico que vazou a receita de cloroquina que ele deu para si mesmo. Em público ele não defende os tratamentos.
Na Prevent Senior, médicos denunciaram publicamente que o plano de saúde recomendava tratar os pacientes com medicamentos "sem comprovação científica", tratando isso como um escândalo de saúde pública, entretanto, os próprios denunciantes receitavam para eles e para suas famílias quando infectados, informa reportagem da Folha de São Paulo.
Os três estudos de HCQ interrompidos e a arma fumegante
Não é apenas o estudo de Skipper, da Universidade de Minnesota, o único jogo onde o time hidroxicloroquina estava vencendo e o jogo foi interrompido antes da metade.
Há mais dois jogos interrompidos em que o time hidroxicloroquina estava dominando a partida.
Na França, dois estudos foram parados: o Hycovid e o Discovery. A causa da parada foi um estudo fraudulento publicado pela Lancet. É o caso Surgisphere. A fraude difamava o medicamento indicando que os pacientes tratados com hidroxicloroquina morriam mais que os não tratados.
Depois de virar manchete em todos os jornais do mundo, alertando que HCQ era um veneno, menos de duas semanas depois, a Lancet retirou o estudo de seu site. Entretanto, o Hycovid e o Discovery não foram retomados.
Estudo Hycovid, “padrão ouro”, mostrava 46% menos mortes para o grupo tratamento quando o jogo foi interrompido.
Não é necessário ser cientista, PhD em alguma coisa, para fazer dois questionamentos críticos.
O primeiro questionamento é: se o resultado parcial era positivo, por que os estudos foram interrompidos?
O segundo questionamento: depois da fraude revelada, por que os estudos não foram retomados?
Você vê um corpo no chão cravado de tiros. Ao lado do corpo, você vê uma pessoa com uma arma na mão e o cano fumegante. É razoável concluir que a pessoa com a arma na mão atirou no cadáver.
Querem curiosidades sobre isso? No Brasil, a jornalista Paula Schmitt chamou o caso Surgisphere como deve ser chamado: fraude. Daniel Bramatti, jornalista que se orgulha em dizer que é ex-presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, e hoje é coordenador no país nos esforços de checagem de fatos, sendo diretor do "Estadão Verifica", onde ele se diz qualificado para classificar o que é verdade ou mentira, reagiu: "Que fraude da Lancet?", perguntou. "Fraude envolve intenção".
Entretanto, meses antes, o Richard Horton, o editor chefe da Lancet, classificou o caso Surgisphere como "fraude monumental", segundo o New York Times.
Em outra situação sobre o mesmo caso, o pesquisador Marcio Bittencourt, que ostenta o pomposo título de Mestre em saúde pública pela Universidade Harvard, ao escrever sobre hidroxicloroquina na Folha de S. Paulo, um dos mais influentes jornais do Brasil, ao tentar explicar porque a polêmica da hidroxicloroquina se mantém, incrivelmente inverteu o resultado da fraude na Lancet. Ele afirmou que o estudo da Surgisphere "sugeria que cloroquina tinha efeitos positivos".
"Há pessoas que passam vergonha em público e há os autores desse artigo na Folha de São Paulo para os quais precisamos criar toda uma nova categoria. Escreveram um artigo se colocando na posição de grandes cientistas sérios ensinando como se faz Ciência aos ignorantes que defendem o uso da hidroxicloroquina para tratamento de covid e cometeram uma gafe inacreditável", escreveu Daniel Tausk, doutor em matemática, sobre o caso.
Eu tentei sugerir ao "Estadão Verifica" que checasse o artigo de Bittencourt. O "Verifica" é liderado por Bramatti e tem o poder de censura nas redes sociais. Bramatti recusou.
Talvez a falta de ação nesta checagem tenha uma explicação: o "Verifica" possui banners de anúncios da Janssen, uma vacina contra a COVID, e da Johnson, a sua fabricante. Isso mesmo, quem verifica a "verdade" e censura matérias sobre os concorrentes baratos das vacinas é patrocinado pelas fabricantes da vacinas.
Você quer estudos randomizados, "padrão ouro" contra a COVID, publicados em revistas de alto fator de impacto, com resultados positivos e significância estatística? Existem.
"Afligida por estudos com amostras pequenas, efeitos minúsculos, análises exploratórias inválidas e conflitos de interesse flagrantes, juntamente com uma obsessão por seguir tendências da moda de importância duvidosa, a ciência deu uma guinada para a escuridão", disse Richard Horton, editor da Lancet, em 2015.
Agora, durante a pandemia, depois do caso Surgisphere, ao que parece, a Lancet pode estar tentando pedir desculpas para a sociedade. Eles publicaram dois estudos "padrão ouro", com um medicamento recolocado, antigo e sem patentes: a budesonida. Além disso, são estudos feitos no ocidente, em países de primeiro mundo e nos centros científicos supostamente com mais prestígio.
O primeiro é sobre a budesonida inalatória em tratamento precoce. É um medicamento usado para asma, seguro, barato, amplamente disponível e foi testado contra a COVID-19. Este estudo foi publicado na Lancet Respiratory Medicine, um periódico com fator de impacto de 30.700. Foi feito na Inglaterra, na Universidade de Oxford.
O resultado foi tão alto que o estudo nem precisou ir até o fim. Atingiu significância estatística rapidamente. Não precisou continuar depois que uma revisão estatística independente concluiu que o resultado não mudaria com a inscrição de novos participantes.
Entre os 70 pacientes que usaram a medicação, apenas um precisou ser internado. Entre os 69 sem tratamento precoce, 10 precisaram ser hospitalizados. Uma redução de 90% na necessidade de hospitalização. A probabilidade do resultado do estudo ter sido ao acaso é de menos de 1%.
Um segundo estudo com a budesonida foi feito. Também é o "padrão ouro''. Este em tratamento mais tardio, não precoce, com uma média de 6 dias após o início dos sintomas. Foi publicado na Lancet principal, o segundo periódico no mundo de maior fator de impacto, com 79.311. Também foi feito na Universidade de Oxford.
Entre todos os itens avaliados, o risco de admissão na UTI, entre os tratados, foi 50% menor. O risco de morte foi 39% menor e o tempo de recuperação foi 17% menor, possuindo, este último item, significância estatística.
Tudo revisado por pares. Tudo em revista de impacto. E muito pouca gente usando. Assim como o própolis e o enxaguante bucal, isso era para ser protocolo em todos os hospitais do mundo.
Entretanto, estamos em um mundo histérico em que, no ano passado, as pessoas, das janelas de suas casas, aplaudiam os profissionais da saúde, mas hoje, boa parte da população os vê como inimigos e não se importa mais com eles.
Foram heróis no passado, mas com data de validade marcada. Hoje, os mais de 82 mil profissionais da saúde em NY que se recusam a tomar a vacina terão como destino a demissão.
Apenas uma história que se repete
No começo deste artigo eu falei sobre fé na humanidade. Expliquei como é difícil renunciar a estes valores onde se acredita que a imensa maioria das pessoas são boas e jamais fariam o mal por dinheiro. Expliquei que colocar em dúvida essa crença gera, na maioria das pessoas, reações emocionais. Entretanto, tudo que ocorre hoje no mundo não passa de uma repetição de eventos anteriores.
A Bayer, gigante da indústria farmacêutica, dona do laboratório Cutter, fabricava, baseado na ciência, durante os anos 80, um produto chamado Factor VIII. Servia para tratar a hemofilia. Era um plasma sanguíneo. Entretanto, o produto estava infectado com o HIV, o vírus da AIDS. A empresa sabia da contaminação. Funcionários do governo norte-americano também sabiam da contaminação. Todos resolveram encobrir o crime e o medicamento continuou sendo exportado. Milhares morreram. Essa é a história contada em 2003 pelo New York Times.
Afinal, o estoque do produto, aprovado por estudos científicos, era grande e a empresa tinha como meta o lucro. Qual o problema de um monte de gente morrer de AIDS quando isso dá dinheiro? Não é correto?
A Bayer acabou pagando algumas indenizações. "O recorde desse Guinness da vergonha é da Pfizer, que pagou a bagatela de US$ 2,3 bilhões em 2009 por marketing fraudulento", comentou a jornalista Paula Schmitt. A condenação está publicada no site do Governo dos EUA.
Você, leitor, que costuma ver médicos e cientistas sendo acusados de serem negacionistas da ciência por falarem de tratamentos da Covid-19, talvez possa ter uma pista do que está ocorrendo com a história da Merck e o medicamento Vioxx, contada no site da CBS News, dos EUA. Segundo a reportagem, a Merck fez uma lista de alvos com médicos que criticaram o Vioxx. A lista continha o nome de médicos dissidentes com os rótulos "destruir", "neutralizar" ou "desacreditar".
O Vioxx chegou a ser um dos campeões científicos de venda da indústria farmacêutica. Foi um produto devidamente aprovado com selos e carimbos, por todas as agências científicas. Em 2005, depois de muita luta, o medicamento foi retirado de circulação. Em uma projeção, 27.785 ataques cardíacos poderiam ter sido evitados se a droga não tivesse sido consumida entre 1999 e 2003. Segundo a reportagem da CBS, a Merck chegou até a criar um jornal científico falso para publicar estudos do Vioxx.
E esconder, cientificamente, resultados positivos de medicamentos não lucrativos, já ocorreu? Sim, segundo uma reportagem publicada no Washington Post há dois anos. A empresa envolvida nisso? Pfizer. “O Enbrel pode prevenir, tratar e retardar a progressão da doença de Alzheimer com segurança'', disse um documento interno. Entretanto, a empresa não publicou seus dados. O motivo? "O Enbrel chegou ao fim de sua vida útil de patente. Os lucros estão diminuindo à medida que a concorrência dos genéricos emerge", explicou o Post.
Já ocorreu de afirmar que medicamentos eficazes não funcionam, enquanto outros caros são promovidos? Sim, é o que informa Sean Strub em uma reportagem no Huffington Post: "Dr. Anthony Fauci está reescrevendo a história. Ele está fazendo isso para disfarçar seu papel vergonhoso em atrasar a promoção de um tratamento de AIDS que teria evitado dezenas de milhares de mortes nos primeiros anos da epidemia", escreveu Strub.
Fauci, no cargo até hoje, não ouviu, em 1987, os médicos da linha de frente que tratavam pacientes com sucesso. Eles imploraram para que Fauci recomendasse o uso do bactrim, um medicamento barato, genérico, e sem patentes. "Fauci se recusou a reconhecer as evidências e, de acordo com um relato, até mesmo encorajou pessoas com AIDS a pararem de tomar tratamentos", relata o artigo que dá um número: 17 mil vidas perdidas até 1989, quando a recomendação finalmente ocorreu depois de muita pressão.
O foco parecia ser outro, o AZT, o medicamento mais caro da história: "o colega próximo de Fauci, Dr. Samuel Broder, que era chefe do Instituto Nacional do Câncer, até sugeriu - na ausência de qualquer evidência - que o anti-retroviral recém-introduzido, AZT, tornaria a profilaxia contra PCP redundante!", afirma Straub.
Em 1988, Larry Kramer, autor e dramaturgo conhecido por ativismo contra a AIDS, escreveu uma carta aberta para o Dr Anthony Fauci. Em uma parte da carta, Krammer afirma: "As drogas que temos implorado para que você teste permaneçam não testadas. A lista de drogas promissoras não testadas agora é tão interminável e o oleoduto tão entupido com mentiras burocráticas do NIH e do FDA que não há serviço Roto-Rooter na Cristandade de Deus que jamais irá estragar tudo".
Na carta, Kramer informa que o órgão dirigido por Fauci colocou o 80% do foco apenas no patenteado AZT, não em medicamentos baratos reaproveitados. Logo o autor comparou Fauci com Adolph Eichmann, um burocrata nazista que durante a segunda guerra mundial fez os campos de concentração funcionarem como uma indústria.
A carta seguiu implorando por estudos clínicos, que não ocorriam. "Os gritos de genocídio desta Cassandra continuarão sem ser ouvidos", afirma o autor próximo do fim do texto.
Por coincidência, agora, durante a atual pandemia, enquanto o caro e inútil Remdesivir era festejado, o único estudo grande, "padrão ouro" da hidroxicloroquina (com azitromicina), envolvendo 2000 pacientes, ou seja, com tamanho o suficiente para ter poder estatístico, foi cancelado pela NIH, órgão onde Fauci é diretor.
Diante dos fatos apresentados, eu, pessoalmente, sugiro não ter tanta fé na bondade humana, principalmente quando envolve poder ou lucro.
Além da OMS, a FDA é financiada pela indústria
Segundo o site da Universidade de Connecticut, a FDA possui quase metade de seu orçamento financiado pelas indústrias farmacêuticas. A mesma coisa acontece com diversos outros órgãos ligados à saúde. Ao mesmo tempo, a grande imprensa deixa de lado algumas vozes no debate sobre tratamentos da pandemia.
Talvez a explicação para isso esteja em um artigo publicado em 2016 na Scientific American. "Como o FDA manipula a mídia" é o título. "A US Food and Drug Administration tem forçado os jornalistas a abrir mão de sua independência jornalística, revela nossa investigação. Outras instituições estão seguindo o exemplo".
A reportagem explica como a FDA dita aos repórteres quem pode e quem não pode ser entrevistado. Ainda revela como a agência assume o controle de jornalistas que deveriam ficar de olho nessas instituições. "Os cães de guarda estão se transformando em cães de colo", afirmou a reportagem.
A reportagem classifica como "quadro perturbador" este controle. "É uma ferramenta cada vez mais importante usada por agências científicas e governamentais para controlar o comportamento da imprensa científica". Ainda informou que a FDA engana com meias-verdades para impedir os repórteres de irem atrás de uma história.
"Nessa situação, o jornalista está permitindo que suas mãos jornalísticas sejam amarradas de uma forma que eles não serão nada, em última instância, a não ser um estenógrafo".
Segundo outra reportagem, de 2015, da revista Slate, "O FDA enterra evidências de fraude em estudos médicos" Isso acontece quando decidem se um novo medicamento patenteado deveria ou não ser permitido no mercado.
Ao mesmo tempo, é impossível imaginar uma teoria de conspiração global de cientistas do mundo todo, de diversos países, inclusive os que não possuem relação diplomática com os EUA, como o Irã, produzindo 32 estudos positivos em tratamento precoce com a hidroxicloroquina, um medicamento sem lobby, barato, genérico e sem patentes. Assim como no caso da ivermectina, com os 63 estudos clínicos, também genérico, barato e sem patentes.
A ciência explica: histerias coletivas são comuns e contagiosas. E durante histerias, não há diálogo racional
Ao que parece, durante esta pandemia, está autorizado ofender médicos que falam de tratamentos, interrompê-los e não ouví-los. Como o caso de Francisco Cardoso e Ricardo Zimmerman, que foram ao senado do Brasil fazer uma apresentação sobre todas as possibilidades de tratamento.
Parte dos senadores se ausentou, dizendo não desejarem dar ouvidos a quem "nega a ciência". A imprensa também resolveu ignorar. As sessões, que eram transmitidas pela televisão, deixaram de ser transmitidas neste dia.
Ao mesmo tempo, os que falam contra os medicamentos têm suas vozes amplificadas. Como quando, no próprio senado do Brasil, uma médica que, ao que parece, não atendeu pacientes de COVID, afirmou que discutir possibilidades de tratamento da COVID é como discutir a borda da terra plana. Sua frase foi retransmitida em todos os jornais e programas de TV.
E isso não é uma histeria apenas brasileira. A censura, desde estas auto impostas, das pessoas se recusarem a ouvir ou ler, se estendeu para as redes sociais até atingir pessoas importantes. Como exemplo icônico, há o caso do japonês Satoshi Omura, agraciado com o Nobel de Medicina. Um vídeo onde ele discutia o uso de ivermectina contra a COVID foi censurado no youtube. Ele falava sobre seu artigo científico revisado por pares e publicado na conceituada revista científica The Japanese Journal of Antibiotics.
Há uma explicação para tudo. Segundo o artigo científico liderado por Philip Bagus, da Rey Juan Carlos University, de Madri, na Espanha, junto com outros dois cientistas, doenças são um terreno ideal para o desenvolvimento da histeria em massa.
Os cientistas comentaram sobre alguns casos, como uma histeria ocorrida até com uma doença inexistente. "Outro caso interessante e mais recente são os efeitos de um episódio do programa de televisão português Strawberries with Sugar. No show, os personagens foram infectados com um vírus mortal. Após a transmissão do episódio, mais de trezentos estudantes portugueses adoeceram. Eles relataram sintomas semelhantes aos que os personagens do programa de TV experimentaram. Entre esses sintomas estavam erupções cutâneas e dificuldades para respirar. Em resultado destes sintomas, várias escolas em Portugal interromperam as aulas. No entanto, uma investigação do Instituto Nacional de Emergências Médicas Português concluiu que o vírus não existia na realidade e que os sintomas eram causados pela ansiedade que assistia ao programa, ou seja, os sintomas eram causados por histeria em massa".
"Há outro caso recente de histeria em massa conectada a um vírus. No voo 203 da Emirates em setembro de 2018, alguns passageiros apresentavam sintomas semelhantes aos da gripe. Quando outros passageiros observaram esses sintomas, eles também começaram a se sentir mal, e o pânico explodiu. O pânico chegou a tal ponto que todo o voo foi colocado em quarentena assim que chegou a Nova York. A investigação após o incidente mostrou que apenas alguns passageiros tiveram gripe sazonal ou resfriado comum".
No mesmo artigo, os cientistas explicam a questão da conformidade. Quando devido a uma maioria de histéricos, sem pensamento racional, faz com o que os poucos que ainda conseguem refletir deixem de ter pensamento crítico. "Uma vez que a ansiedade se espalhou e a maioria de um grupo se comportou de determinada maneira, ocorre o fenômeno da conformidade, ou seja, a pressão social faz com que os indivíduos se comportem da mesma forma que os demais membros do grupo".
Tratamento precoce: 489 pacientes COVID e apenas um único morto
Este é um dos estudos que mais gosto. O que chama a atenção é a simplicidade e a reflexão que ele produz. É um estudo revisado por pares e publicado em um periódico com fator de impacto de 2.930.
Conta a história sobre os pacientes do Dr Brian Procter, um médico norte-americano. Envolve um total de 489 pacientes com COVID que ele atendeu. Em seu arsenal de medicamentos estavam hidroxicloroquina, ivermectina, budesonida inalada, antibióticos, zinco e vitaminas.
Ele usa um cocktail, afinal, em doenças por vírus, a combinação de drogas é mais eficiente, como o cocktail contra a AIDS. Enquanto isso, a maioria dos estudos "padrão ouro" contra a COVID foram em drogas isoladas, em monoterapia.
Destes 489 pacientes COVID, ele teve apenas seis internados e um único morto, sendo que 320 deles eram de risco: tinham mais de 50 anos ou pelo menos uma comorbidade.
Tente deixar a histeria de lado e vamos para algumas reflexões.
É necessário fazer um estudo "padrão ouro" do cocktail, com mais 489 pacientes um outro braço placebo, ver dez, cinco ou dois pacientes morrerem para concluir a eficácia?
Com 489 pacientes e apenas um único morto, temos duas conclusões possíveis. A primeira é que a pandemia não é grave, afinal, não morre quase ninguém. A segunda é que o cocktail é eficaz. Não existem mais opções.
Em 19 de outubro de 2021, quando escrevo este artigo, os EUA possuem 45,902,575 habitantes com COVID diagnosticada e 746,438 mortos pela doença.
Se o Dr Procter, que sabe fazer uma conta de risco e benefício, tivesse atendido todos os norte-americanos atingidos pela doença, com apenas um morto a cada 489 infectados, os EUA teriam hoje apenas 93.870 mortos e não quase 800 mil.
Mas vamos ser pessimistas e supor que haja subnotificação e os infectados dos EUA sejam o dobro: 90 milhões. Os mortos com este protocolo seriam apenas 188 mil. Hoje com 746 mil vítimas, as vidas poupadas seriam 558 mil.
Sim. Te enganaram. Está aí na sua frente. Colocaram a sua vida em risco. Colocaram a vida das pessoas que você gosta em risco. Deixaram milhões morrerem sem assistência. Na conta mais precisa, em 19 de outubro, são 2,8 milhões. E segue aumentando. É o maior crime contra a humanidade desde a segunda guerra mundial, ocorrendo agora, na sua frente.
Ao mesmo tempo, o Dr Procter foi banido do twitter por falar de seu placar de resultados. Algo tradicional. Sempre que crimes contra a humanidade ocorreram, a censura ocorreu ao mesmo tempo. Além disso, historicamente, sempre ocorre censura contra quem fala a verdade, não a mentira.
E há mais detalhes: um dos autores deste estudo, o Dr Peter McCullough, é um dos maiores cardiologistas do mundo, com histórico impecável na ciência. Por falar dos resultados deste estudo, ele é constantemente censurado, além de ter sido demitido onde era professor de medicina e processado pelo seu empregador.
Assim como, na França, o Dr Didier Raoult, provavelmente o maior especialista do mundo em doenças transmissíveis, está sendo difamado, perseguido e processado por falar em resultados positivos.
Do mesmo modo que no Brasil, o Dr Flavio Cadegiani, um dos cientistas mais proeminentes do mundo, que produziu pesquisas com a proxalutamida e teve seus estudos classificados como de excelente qualidade na McMaster University, do Canadá, o berço da medicina baseada em evidências, e elogiado na Cochrane da Europa, é perseguido e processado.
Não são os únicos. No mundo todo, são centenas de censurados, perseguidos e processados por irem contra a histeria coletiva que toma conta de toda a sociedade.
"Te peguei. Olha aqui o estudo da OMS. Não funcionou", diria um desinformado.
O estudo Solidarity da OMS, que virou manchete nos maiores jornais do mundo, não é precoce. O início do medicamento foi na hora da extrema unção, quando 64% dos pacientes estavam no oxigênio ou ventilação.
Mas há mais detalhes. Enquanto no estudo do Dr Zelenko a dose total de tratamento foi 1.6 gramas da HCQ, no estudo Iraniano a dose foi de 2.0 gramas e on de Skiper foi de 3.2 gramas, o Solidarity acumula uma dose de 9,6 gramas de hidroxicloroquina. Isso está escrito no próprio estudo. Assim morreu mais gente no grupo tratado. Definitivamente, não há amadores no ramo.
Eu faço um desafio a qualquer um: leigo, médico ou cientista
Você chegou até aqui no artigo e está assustado. Viu que é uma história com começo, meio e fim. Neste momento, você possui dúvidas. Quer saber se eu omiti algum fato importante para que eu pudesse chegar nessas conclusões.
Eu vou dar o caminho para que você desmonte totalmente o que eu disse. Eu argumentei, durante boa parte do artigo, afirmando que não há um estudo "padrão ouro" da hidroxicloroquina em tratamento precoce (até 5 dias de sintomas) com tamanho suficiente para ter poder estatístico, algo como 400 ou 500 pacientes em cada braço. Eu afirmei que ninguém fez. Sugeri que o tratamento foi enterrado deste modo.
Pode me ofender à vontade. Basta você trazer este estudo e colocar na primeira linha do comentário para depois me ofender. Procure. Em qualquer periódico científico do mundo.
Mas este estudo não existe.
Desde junho do ano passado, eu tenho produzido artigos explicando que, como paciente, sem dúvida alguma, vale a pena buscar tratamento imediato em caso de estar infectado com o vírus. Com isso já fiquei tenso ao ver gente morrendo ou com medo, eu tentar explicar, e as próprias vítimas se recusarem a ouvir as boas notícias.
Assim, hoje, o que mais me fascina é a histeria em massa que interdita o debate racional. Você leu este artigo, achou interessante, viu um desafio, e neste momento está com vontade de enviá-lo para médicos, amigos, familiares, ou questionar, pelas redes sociais, os especialistas que falam na mídia.
Os sinais de histeria são fáceis de ver. As pessoas podem, mesmo com sua recomendação de leitura, simplesmente se recusar ao assunto. Isso é um sinal. Há a possibilidade das pessoas partirem para fazer piada. É outro sinal de histeria ativa. Partir para o ataque também é comum, mesmo que todas as informações que dei aqui sejam acompanhadas de links para as fontes originais.
Para evitar os ataques, você pode fazer outros testes. É fazer perguntas. Copiando os links daqui, dos estudos com própolis ou do enxaguante bucal, por exemplo, e os enviando com a seguinte pergunta: "Na sua análise de risco e benefício, por que isso não está sendo usado no mundo todo?". O silêncio é o mais provável. Se for um especialista, possivelmente falará de fator de impacto, como se os periódicos não fossem bons, mas eles são.
Neste caso, se o questionamento for o fator de impacto do estudo do própolis ou do enxaguante bucal, é fazer a mesma pergunta sobre o risco e benefício, mas enviando o estudo da budesonida, publicado na Lancet. Em caso de uma pessoa tomada pela histeria, aguarde a ausência de debate, alguma resposta grosseira ou o silêncio.
Enquanto a histeria persistir, mortes desnecessárias continuarão ocorrendo e o mundo seguirá afundando.
E eu aqui faço apenas uma previsão. Não sei se ocorrerá em um ano, dois, ou vinte, como no caso do vírus da AIDS no plasma para hemofílicos. Um dia, algum historiador vai olhar para esta pandemia, ver o estudo "padrão ouro" da budesonida na Lancet, e vai perguntar: "Por que o mundo todo não adotou este tratamento?". A possibilidade disso não ocorrer é nula.
Meu Twitter.
Sou médica e achei seu artigo SENSACIONAL !! Voce conseguiu, BRILHANTEMENTE, concatenar tudo de uma forma perfeitamente inteligível para leigos. Parabéns !! Eu tenho conhecimento de tudo o que voce falou....desde o spray de budesonida, própolis, passando pelas canalhices do Fauci e chegando ao assassinato de reputações de colegas brilhantes. A história é muito mais sinistra do que parece. Não sei se voce conhece ou já ouviu falar do Prof. Edmilson Migowski, da UFRJ, que há 10 anos estuda a atividade antiviral da nitazoxanida. Ele e ex-alunos já trataram cerca de 600 pacientes com covid, a maioria com co-morbidades. Nenhum óbito e 2 internações, mas sem necessidade de suporte de oxigênio. E o que acontece com ele ? Claro, está sofrendo assassinato de reputação. E está sendo processado pela louca Natalia Pasternack...uma infeliz que nem médica é, mas foi alçada ao status de celebridade pela Globo. É tudo muito revoltante.
Excelente. Adorei cada parágrafo. Muito centrado e objetivo. Especialmente sobre a HCQ vou dizer que na dermatologia eu já abandonei o uso pois há medicações muito mais eficazes quanto ao poder anti-inflamatório. Sobre o COVID19 digo que era assunto de 2020. Sim, é melhor do que nada se for usada bem cedo. Porém, já temos outras medicações mais potentes testadas. Talvez HCQ tenha mais valor no “duplo bloqueio de entrada” isto é, usando um bloqueador de TMPRSS2 JUNTO. Teve um estudo bom da Bromhexina iraniano que mostrou superioridade da Bromhexina+HCQ SOBRE HCQ. para pacientes internados com pneumonia de COVID19. Os bloqueadores de TMPRSS2 mais potentes são os antiandrogenos.